Por Vivi Leão, G1 AL


Do Averso ao Verso está disponível na Amazon — Foto: Vivi Leão/G1

Foi nas páginas em branco que o alagoano João Vitor Ferreira encontrou espaço para expressar os seus sentimentos mais profundos. Após buscar ajuda de especialistas em saúde mental, o estudante de jornalismo resolveu publicar 50 poemas que narram uma trajetória de desamor, amor e superação. O e-book foi lançado em dezembro na Amazon.

"Quando criança eu me sentia muito sozinho, eu não tinha muitos amigos, era como se eu não me encaixasse nos moldes sociais. Escrever era uma forma de expressar os meus sentimentos, então eu escrevia crônicas, contos, histórias em quadrinho desde muito cedo. Poder lançar esse e-book é uma verdadeira alegria. Há anos venho guardando esses poemas, onde narro a minha luta por sobrevivência. Agora me sinto corajoso em despir a minha alma para as pessoas", disse o poeta.

O amor pela escrita começou cedo. João Vitor foi cativado pela intensidade de Carlos Drummond de Andrade, a melancolia de Álvares de Azevedo e a sensibilidade de Cecília Meireles. Logo, encontrou no papel a forma perfeita para expressar as suas dores. Por longos anos, a máquina de escrever foi a sua melhor amiga, recebendo e transmutando sentimentos.

"A cada texto que escrevia após uma frustração, uma decepção, eu percebia que eu ficava mais leve. E os autores, bem, eu ficava impressionado como alguém conseguia escrever e expressar tudo o que estava guardado no peito. Hoje gosto muito dos autores da geração beat. Charles Bukowski, por exemplo, falava muito das suas dores e, assim como ele, eu não tenho medo de expor as minhas camadas mais profundas", afirmou.

Estudante alagoano começou a escrever poemas para o livro digital do Averso ao Averso em 2017 — Foto: Vivi Leão/G1

A arte como terapia

Cada poema é um retrato de um momento vivido e sentido pelo jovem escritor. Ele conta que a arte foi o refúgio, um lugar de acolhimento e de livre expressão durante muito tempo.

"Sempre fui ligado à arte. Quando era criança tinha um ateliê onde eu pintava, costurava, fazia objetos de decoração. A Nise da Silveira, uma importante psiquiatra, foi uma das que introduziram a arte como forma de terapia para pessoas com transtornos mentais. Eu acredito que a arte é um catalisador da alma humana. Quando a gente escreve, pinta, a gente não pensa em decepção, nos boletos atrasados, nas dores", disse.

Do Averso ao Verso foi dividido em quatro capítulos: Brejo das almas, Corvos sobre a plantação de trigo, Sinfonia da desilusão e Tulipas.

Texto Aprendiz finaliza conjunto de 50 poemas — Foto: Reprodução

"É a minha trajetória na luta pela sobrevivência. No capítulo quatro, eu termino com o poema chamado Aprendiz. Nele, digo que a minha rima continua viva e que sigo buscando forças para sair do naufrágio. A mensagem é clara: o amanhã pode ser sempre mais colorido e cheio de possibilidades".

Os projetos seguem. João Vitor espera lançar "Sou menos perceptível que os anéis de Júpiter" no segundo semestre de 2021.

"Está praticamente pronto, só falta a revisão. É um livro que trago um pouco da mitologia grega e da astrologia para narrar poemas autobiográficos. A leitura é o que enriquece a nossa alma e eu quero que mais crianças se apaixonem pela leitura, por isso, estou com um outro projeto de poema infantil com ilustrações. Espero lançá-lo em breve", concluiu o autor.

João Vitor escreveu alguns dos seus poemas em uma antiga máquina de escrever — Foto: Vivi Leão/G1

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