Política Lava-Jato

Lava-Jato no Rio já apreendeu R$ 1,7 bilhão em 25 operações

Levantamento inédito da Justiça Federal mostra ainda que também foram bloqueados 699 imóveis
A fazenda de Carlos Miranda vale R$ 3 milhões e será leiloada Foto: Domingos Peixoto / Domingos Peixoto
A fazenda de Carlos Miranda vale R$ 3 milhões e será leiloada Foto: Domingos Peixoto / Domingos Peixoto

RIO - Na próxima quinta-feira (4), a fazenda “Três Irmãos”, de Carlos Miranda, operador financeiro do ex-governador Sérgio Cabral, vai a leilão no Rio em meio a uma série de outros bens apreendidos pela Justiça Federal durante as investigações da Operação Lava-Jato . Segundo levantamento inédito da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, durante 25 operações em solo fluminense, foram apreendidos mais de R$ 1,7 bilhão, além de bens como embarcações, aeronaves, joias e 699 imóveis. Os dados foram divulgados neste domingo em uma reportagem do Fantástico, da TV Globo.

A venda será conduzida pelo leiloeiro Renato Guedes e ocorrerá em duas etapas, nos dias 4 e 18 de julho, na sede da Justiça Federal. Como mostrou O GLOBO na semana passada, o primeiro lote do leilão soma R$ 12,5milhões e é composto por duas lanchas, dois jetskis, um jetboat, três carros e dois imóveis (a fazenda e um apartamento). O segundo leilão, no dia 18, seguirá o critério da melhor oferta, desde que não seja inferior a 75% do valor da avaliação.

A expectativa é de que a fazenda de Carlos Miranda seja vendida por pelo menos R$ 3 milhões, montante pelo qual foi avaliada. No entanto, ela poderia arrecadar mais se não tivesse sido saqueada durante o período em que ficou apreendida. Com 21,2 alqueires, a propriedade sofreu ao longo dos dois últimos anos constantes invasões e furtos de patrimônio. A fazenda é um complexo com casa principal, casa de hóspedes, casa do administrador da fazenda, curral, capril, bodário, alambique e galpão.

De acordo com o Ministério Público Federal, o judiciário não possui uma instituição específica para cuidar dos bens indisponibilizados durante uma investigação.

O bem mais caro da lista, porém, é a lancha “Spirit of Brazil” – Intermarine 680, de Eike Batista, avaliada em R$ 3,5 milhões. O empresário, que chegou a ser preso sob a acusação de pagar propina a Cabral, figura como dono de outros quatro bens destinados a leilão. Um deles é a Lamborghini Aventador, ano de fabricação 2012, avaliada em R$ 2,2 milhões. O modelo, com 700 cavalos de potência, é capaz de ir de zero a 100 quilômetros por hora em 2,9 segundos e atinge velocidade máxima de 350 quilômetros por hora. No entanto, quem arrematá-lo terá de assumir débitos de IPVA, dos exercícios 2018 e 2019, no valor de R$ 135 mil, além de multa junto ao Detran no valor de R$ 127,00.

Lançado em 2011, o Aventador ainda é o mais caro e potente superesportivo da atual linha Lamborghini. Sucessor direto dos modelos Diablo e Murciélago, está um degrau acima do Huracán na gama de modelos produzidos pela marca italiana. Completam a lista de bens de Eike o jetboat “Thorolin” (R$ 47 mil) e os jetskis “Spirit of Brazil X” (R$ 42 mil) e “Spirit of Brazil IX” (R$ 52 mil).

Os valores arrecadados no leilão serão depositados até o trânsito em julgado dos processos. Até o momento, a Operação Lava-Jato no Rio informou ter devolvido aos cofres públicos cerca de R$ 350 milhões de reais.

Segundo a Justiça Federal, mais de R$ 1 bilhão ainda poderá ser usado quando os processos em andamento estiverem concluídos.