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Pesquisador da UFPR traz reflexões da geoética para interpretar ações humanas na pandemia

Conceitos de um campo muito específico das ciências da Terra podem nos auxiliar a refletir sobre um momento histórico cheio de complexidades, ocasionado pela pandemia do novo coronavírus. Em artigo publicado recentemente na revista Sustainability, em parceria com o pesquisador Martin Bohledo Ronin Institute, o professor Eduardo Marone traz questões filosóficas, éticas e socioambientais para questionar o papel do homem diante desses conflitos. 

conceito de governança é central nessa discussão. Segundo Marone, professor titular do Centro de Estudos do Mar da UFPR, trata-se de um termo que pensa para além da ideia de governabilidade e se foca, também, em normas e estruturas externas ao que deve ser governado. “Certas questões não podem ser resolvidas apenas dentro de um país e precisam ser coordenadas de modo internacional, o problema é que as disputas geopolíticas interferem e precisamos buscar respostas em outros meios”, complementa. 

Pensar na governança, neste sentido, poderia ser um legado importante da pandemia para o planejamento de “caminhos que permitam a cooperação e o intercâmbio de experiências”. Mas, na avaliação de Marone, o mundo está sendo governado, em sua maioria, por pequenos líderes enfrentando um grande problema: o desenhado pela covid-19. “Sem ética, é impossível fazer boa governança de qualquer problema”. Isso faz com que disputas geopolíticas, por exemplo, travem o sistema, façam-no funcionar mal, quando ele deveria estar atuando com total eficiência. 

 

Imagem de Alexandra_Koch por Pixabay

 

A geoética, nesse caso, também é um ponto importante de reflexão apresentado no artigo Geoethics for Nudging Human Practices in Times of Pandemicspois é uma forma de se pensar a ética a partir da interferência das ações do homem no funcionamento do sistema global do planeta. Mesmo tendo nascido como código deontológico para os profissionais da área, hoje ela serve para se refletir de forma mais abrangente a respeito dos conflitos e dilemas que podem comprometer gerações futuras. 

Para o professor, a experiência das Geociências com os estudos, prevenção e a mitigação dos desastres naturais, como terremotos, tsunamis e inundações, além dos problemas ocasionados pela mudança climática global, são outra contribuição da Geoética para o momento vivido hoje em todo o mundo. “Isso que vivemos hoje ocorre uma vez a cada 100 anos ou mais. Não há nenhuma geração com experiência suficiente para olhar ao redor e saber como atuar”, pondera. Por isso, as ciências da Terra também tendem a contribuir nessa direção. 

Marone defende que uma educação para a cidadania é fundamental para que a sociedade possa reagir a fenômenos como a degradação ambiental, segundo ele uma das possíveis causas do surgimento de novos vírus e patógenos por conta da invasão de áreas ocupadas principalmente por espécies selvagens. Um caminho possível seria a conscientização sobre o papel da ciência, que neste momento tem agido como “ciência de crise”.

“A velocidade da ciência não é a mesma da crise. A população pode muitas vezes acreditar que terá uma solução imediata, mas nem sempre isso ocorre”, reitera.  

O pesquisador ainda traz a ética da responsabilidade, conceito utilizado para balizar a conduta cidadã comprometida com o futuro de novas gerações, e o imperativo ético de “ser feliz e ajudar outros a serem felizes” para reforçar a importância do equilíbrio entre os interesses individuais e das comunidades. “O excessivo individualismo tem nos deixado mal parados, seja entre os indivíduos da sociedade, seja entre os governantes”, acredita.  

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