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Cidades

Integrante de quadrilha de advogados fala em “arrastão” para dar golpe em idosos

Pelo menos oito envolvidos conseguiram se livrar da prisão desde o dia de ação do Gaeco, em 5 de julho

Lucia Morel | 12/07/2023 12:18
Advogado Luiz Fernando Cardoso Ramos em foto em frente ao Tribunal de Justiça de MS. (Foto: Redes sociais)
Advogado Luiz Fernando Cardoso Ramos em foto em frente ao Tribunal de Justiça de MS. (Foto: Redes sociais)

Sete dias depois da Operação Arnaque, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que prendeu advogados e outros integrantes de organização acusada de movimentar R$ 190 milhões em golpes, pelo menos oito envolvidos conseguiram se livrar da prisão preventiva e estão usando tornozeleira eletrônica.

Já Luiz Fernando Cardoso Ramos, considerado um dos chefes do esquema, continua preso no Piauí, aguardando vaga em cela do Presídio Militar de Campo Grande. Ele, junto com os também advogados Alex Fernandes da Silva e Josiane Alvarenga Nogueira são tidos como cabeças da organização criminosa, liderando dois grupos distintos para a aplicação dos golpes. Josiane conseguiu prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.

Em parte do pedido de prisões e buscas feito pelo Gaeco a que o Campo Grande News teve acesso, um dos alvos da operação e integrante da quadrilha, Everson Dias Camargo, que atuava como “gerente de captação” de vítimas no núcleo liderado por Luiz Fernando, diz que os efetivos captadores, que ligam ou abordam pessoas nas ruas, “toparam fazer um arrastão, falei pelo menos cada uma conseguir de 20 a 30 idosos esse mês de novembro”. O dado foi obtido pelo Gaeco através de interceptação telefônica e telemática.

As investigações identificaram que após os líderes, os 36 outros alvos de mandado de prisão cumpriam funções específicas como gerentes administrativos do esquema; gestão de captação; e “paqueiros”, que efetivamente faziam a abordagem das vítimas, que eram preferencialmente idosos ou indígenas, sempre beneficiários de programas sociais.

Quando as abordagens não eram feitas por telefone ou nas ruas, os trabalhos eram iniciados com a coleta de dados através de reclamações junto ao Portal do Consumidor do Governo Federal, usando nomes e dados sem que os respectivos consumidores tivessem ciência. Com isso, eles conseguiam cópias de contratos de consignados e ajuizavam ações.

Registro de pedido de prisão e busca do Gaeco. (Foto: Reprodução)
Registro de pedido de prisão e busca do Gaeco. (Foto: Reprodução)

Outra forma de obter documentos de beneficiários de programas sociais e usar seus dados para impetrar ações na Justiça era através de aplicativos ilícitos que conseguem acesso a dados sigilosos de várias pessoas através do CPF.

Com isso, segundo o Gaeco, a organização conseguia identificar o maior número de pessoas em condição vulnerável, como idosos, analfabetos e indígenas, que eram beneficiárias de programas sociais ou que tinham empréstimos junto a instituições financeiras.

Assim, o grupo conseguia “documentação e assinatura necessárias para ajuizamento de ações cíveis visando à discussão de empréstimos consignados, muitas de índole temerária e alicerçada em procurações obtidas por meio de fraudes”.

Investigação – Iniciada em 2019, a investigação começou com denúncia do Banco Itaú Unibanco que foi alvo de milhares de ações sobre empréstimos consignados concedidos pela instituição. Somente Luiz Fernando impetrou 1,8 mil contra a empresa de um total de quase 3 mil ajuizadas em Mato Grosso do Sul. Ou seja, o escritório Cardoso Ramos era responsável por cerca de 60% de todos os processos.

Ao seguir os passos dos processos, o Gaeco identificou vários escritórios de Luiz Fernando em outros estados e “sua liderança restou evidenciada pelos vários áudios e mensagens trocadas com os demais integrantes, ocasião em que esclarecia o que deveria ser repassado e orientado a cada um dos demais integrantes, subordinados e contratados para funções específicas”, cita o Gaeco.

Tornozeleira – Conforme apurou a reportagem nos processos que não estão sob sigilo, oito pessoas obtiveram tornozeleira ou outra medida cautelar: as advogadas Josiane Alvarenga Nogueira e Iolanda Michelsen Pereira; a esposa de Luiz Fernando e a de seu irmão, Gislaie Dias Camargo Ramos e Evelym Almeida Barbosa; Luana Venturini Militz; Givanildo Carlos de Lima; Gigliane Nascimbeni Gaspar da Silva; e Nádia Soares.

A reportagem entrou em contato com a advogada de Luiz Fernando e outros integrantes do grupo, mas não houve retorno.

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