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“O que é essa porcaria chamada Greenpeace? Só lixo”, diz Bolsonaro, que também ataca o Papa

14 fevereiro 2020 8:04

adriano machado/reuters

“Toda a Austrália pegou fogo e ninguém disse nada. O Papa Francisco disse que a Amazónia era dele, de todo o mundo”, criticou, referindo-se a uma exortação apostólica em que o Sumo Pontífice defende a preservação ambiental e o respeito pelos direitos dos povos nativos. Já a Greenpeace “lamenta que um Presidente tenha uma postura tão incompatível com o cargo”

14 fevereiro 2020 8:04

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse esta quinta-feira que a organização não-governamental (ONG) Greenpeace é “lixo”.

“Quem é a Greenpeace? O que é essa porcaria chamada Greenpeace? Só lixo, é lixo”, afirmou Bolsonaro quando questionado sobre a decisão de voltar a reunir o Conselho da Amazónia, desta vez nos arredores da sua residência oficial em Brasília. Agora liderado pelo vice-Presidente Hamilton Mourão e composto por 14 ministérios, o conselho não inclui qualquer governador dos estados da Amazónia, refere a Agência France-Presse (AFP).

A Greenpeace emitiu uma nota em que “lamenta que um Presidente da República tenha uma postura tão incompatível com o cargo que ocupa”. “Ao longo da história, a nossa postura crítica a quem promove a destruição ambiental já causou muitas reações desequilibradas das mais diferentes personagens. Estamos apenas perante mais uma delas. Nestes casos, o incómodo de quem destrói o meio ambiente soa a elogio”, acrescentou a ONG.

“O Papa é argentino, mas Deus é brasileiro”

Bolsonaro criticou igualmente o Papa Francisco, que na quarta-feira divulgou uma exortação apostólica, intitulada “Querida Amazónia”, em que defende a preservação ambiental da região e o respeito pelos direitos dos povos nativos. “Toda a Austrália pegou fogo e ninguém disse nada. O Papa Francisco disse que a Amazónia era dele, de todo o mundo. Por acaso, o embaixador da Argentina estava aqui e eu disse: ‘Veja, o Papa é argentino, mas Deus é brasileiro’”, relatou o Presidente.

O chefe de Estado é favorável à abertura das reservas naturais e dos terrenos indígenas à exploração dos seus recursos, minimizando os impactos da desflorestação e considerando o assunto uma questão de soberania nacional, sintetiza a AFP. Durante o primeiro ano de Bolsonaro no Palácio do Planalto, a Amazónia assumiu protagonismo nacional e internacional por causa dos incêndios.

Os governadores dos nove estados da Amazónia participaram em várias reuniões em Brasília, expressando nalgumas delas críticas à posição do Executivo nacional.

Desflorestação subiu mais de 85% com Bolsonaro

No ano passado, o primeiro de Bolsonaro na presidência, a desflorestação na Amazónia brasileira aumentou 85,3%, totalizando 9.166 quilómetros quadrados, de acordo com dados oficiais.

Esta não é a primeira acusação do Governo Bolsonaro à Greenpeace. Em outubro, o ministro do Ambiente, Ricardo Salles, sugeriu que um barco da ONG poderia estar relacionado com o derramamento de petróleo no nordeste do país.