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Brasília

Loba-guará Pequi é solta na natureza depois de dois anos em adaptação

Após acolhimento inicial no Zoo de Brasília, técnicos da ONG Jaguaracambé deram início ao projeto de liberdade do animal no cerrado

Redação Jornal de Brasília

18/04/2023 10h10

Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Ao som do canto dos pássaros, ao entardecer, no coração do cerrado, a loba-guará Pequi, como é carinhosamente chamada, finalmente conheceu a sensação de estar livre em seu habitat natural. Foram dois anos vivendo em cativeiro para que tudo desse certo durante o seu retorno à natureza. O projeto de soltura do animal faz parte do Plano de Ação Nacional para a Conservação da espécie, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O desfecho dessa história era aguardado desde junho de 2020, quando cinco filhotes de lobo-guará foram resgatados na Bahia depois de a mãe, Caliandra, ter sido encontrada morta. Graças ao acolhimento inicial no Zoológico de Brasília, os filhotes cresceram e se desenvolveram bem.

Desde o início, os cuidados eram voltados para que os animais pudessem retornar à natureza. “O Zoológico de Brasília é um centro especializado e nós recebemos esses filhotes com toda a expertise da nossa equipe para que eles se desenvolvessem bem. A criação foi diferente para a soltura dar certo, para que eles vivessem na natureza longe do homem”, explicou o diretor de mamíferos do Zoo, Filipe Reis.

Diretor de mamíferos do Zoo, Filipe Reis explica que os cuidados com Pequi, desde o início, foram para que ela pudesse retornar ao seu habitat. Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Alimentação com frutos do cerrado, pouco contato com humanos e um período longo de adaptação foram cruciais para que os animais estivessem preparados para a soltura. A Pequi foi solta na tarde desta segunda-feira (17) e seus irmãos seguem colaborando com outros projetos de conservação da espécie no estado da Bahia.

“Aqui onde a Pequi foi solta é um espaço enorme, com 800 hectares, e segura bem a pressão urbana, que só cresce”, disse o gerente-geral do Instituto Paraíso na Terra, Rogério Peleski. Na nova casa, Pequi pode explorar todos os seus instintos naturais de animal silvestre, como caçar, reproduzir e forragear.

Gerente geral do Instituto Paraíso na Terra, Rogério Peleski: “Aqui onde a Pequi foi solta é um espaço enorme, com 800 hectares, e segura bem a pressão urbana, que só cresce”. Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Para que todo o projeto de soltura da loba pudesse acontecer, uma equipe de mais de 30 técnicos da ONG Jaguaracambé se dedicou por mais de 24 meses para que o contato livre da loba com meio externo fosse o mais natural e seguro possível. Os especialistas também contaram com o apoio do Instituto Brasília Ambiental, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do ICMBio.

“Nós, do Ibama, fomos os responsáveis por trazê-la até Brasília. A gente apoia toda essa campanha para soltura de animais porque é fundamental para a conservação e faz parte do nosso trabalho”, defendeu a coordenadora de Gestão e Monitoramento da Biodiversidade do Ibama, Juliana Junqueira.

Juliana Junqueira, coordenadora de Gestão e Monitoramento da Biodiversidade do Ibama: “A gente apoia toda essa campanha para soltura de animais porque é fundamental para a conservação e faz parte do nosso trabalho”. Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

A partir de agora, Pequi será monitorada por meio de um rádio-colar, instalado em seu pescoço, que enviará aos especialistas, a cada hora do dia, a localização em satélite por onde a loba passou. Além disso, o equipamento permite que a equipe receba um mapeamento com esses dados quatro vezes por dia.

“Eu estou emocionadíssima. Hoje nós finalmente soltamos a Pequi depois de meses trabalhando em várias linhas de pesquisa para que ela estivesse apta para sobrevivência no cerrado”, disse a médica veterinária e presidente da ONG Jaguaracambé, Ana Paula Quadros. Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

“Eu estou emocionadíssima. Hoje nós finalmente soltamos a Pequi depois de meses trabalhando em várias linhas de pesquisa para que ela estivesse apta para sobrevivência no cerrado”, disse, emocionada, a médica veterinária e presidente da ONG Jaguaracambé, Ana Paula Quadros. Ela também pede apoio para que o projeto de monitoramento continue. “A gente precisa garantir o segundo rádio-colar da Pequi, porque esse primeiro foi doado pela Smithsonian Institution e precisa ser trocado daqui oito meses. Qualquer ajuda é bem-vinda”, concluiu.

Relembre a trajetória dos filhotes de lobo-guará resgatados órfãos.

Com informações da Agência Brasília

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