Política
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Por Maria Cristina Fernandes, Valor — São Paulo


O adiamento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe trouxe mais prejuízos políticos que diplomáticos. O Itamaraty agora aguarda que a China sinalize com uma data mais conveniente, mas não se duvida do interesse do presidente Xi Jiping em remarcar a viagem com brevidade. No novo formato, será uma visita de Estado sem comitiva empresarial, que, em grande parte, já havia viajado para o seminário desta segunda-feira em Pequim. Em abril, Lula já tem visitas a Portugal e Espanha marcadas o que torna mais provável uma data a partir de maio.

Lula em Itaguaí (RJ): presidente foi diagnosticado com pneumonia e teve de adiar viagem à China nesta semana — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo - 23/1/2023
Lula em Itaguaí (RJ): presidente foi diagnosticado com pneumonia e teve de adiar viagem à China nesta semana — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo - 23/1/2023

Antes da posse, diplomatas chineses disseram ao assessor especial da Presidência, Celso Amorim, que gostariam que o país fosse o primeiro a ser visitado por Lula. Ante o argumento de que isso feria a tradição de uma visita inaugural à Argentina, insistiram para que fosse o primeiro fora da América. Ante as evidências de que a visita aos Estados Unidos já estava prevista desde o fim do segundo turno, marcou-se, então a data que acabaria por ser adiada em função da pneumonia de Lula.

Lula apostava no eventual sucesso desta viagem para destravar impasses internos, notadamente o da âncora fiscal. Não se esperava mudança no formato do arcabouço com a viagem, mas com os compromissos de investimento que esperava anunciar, formalizando a entrada do Brasil no “Belt&Road”, como ficou conhecida a iniciativa chinesa de expansão global, Lula esperava reforçar a confiança, minada pelo dissenso sobre o alcance da austeridade fiscal.

Agora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que esteve na sexta com Lula, antes, portanto, do cancelamento da viagem, aguarda o presidente para a agenda do arcabouço fiscal. Nesta segunda se completam dez dias que as regras lhe foram apresentadas. A constatação de que a agenda atropelada da véspera da viagem precipitou a pneumonia pressiona o presidente a moderar os compromissos. A avaliação generalizada é de que Marco Aurélio Ribeiro, o chefe de gabinete, não tem sido capaz de conter a tendência de Lula de abarcar o mundo com as mãos nesta volta ao poder.

O chefe de gabinete está com o presidente há oito anos, mas não tem a mesma autoridade de Gilberto Carvalho, titular da função durante os dois mandatos de Lula, para impor limites às demandas que chegam ao presidete. Tem 38 anos, 16 anos a menos que Carvalho ao assumir a função.

Lula tem se movido pela ansiedade de alargar a aprovação das urnas. Se já se sentia acossado pela sobrevivência do bolsonarismo, a despeito de uma conjuntura de revezes para o ex-presidente, acresça-se agora o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), que voltou às manchetes graças à verborragia de Lula. Atiçada por ministros como o da Comunicação Social, Paulo Pimenta, a ansiedade não encontra guarida em outros, como Haddad.

Da ata do Copom, nesta terça-feira, à recepção do arcabouço fiscal, passando pela arenga entre os presidentes da Câmara e do Senado em torno do rito das medidas provisórias, a semana não poderia ser mais pesada para um convalescente. A arenga só não é mais dramática porque a maior parte da reforma tributária não depende de MP. Contra a prevalência de Arthur Lira na matéria pesa a necessidade de mudar a Constituição para manter o rito simplificado de MPs da pandemia.

A pompa, circunstância e otimismo de uma viagem à China dão lugar ao feijão com arroz de disputas como a tributação sobre as varejistas do comércio virtual daquele país. Só o refluxo da dramaticidade excessiva da semana que passou pode chamar os agentes da política e da economia de volta à racionalidade.

Mais recente Próxima Lua de mel interrompida: nova data para viagem de Lula indicará prioridade do país para China

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