A Rede das Redes é um conglomerado de entidades e organizações sociais que se uniram com um propósito claro e urgente: combater o racismo e todas as formas de discriminação correlatas, especialmente aquelas que afetam os Povos Tradicionais de Matriz Africana e Comunidades de Terreiro em meio ao cenário de catástrofe climática no Rio Grande do Sul.

Além disso, a Rede das Redes se propõe a atuar em várias frentes para promover a segurança alimentar, nutricional, e a preservação dos espaços sagrados das comunidades de terreiro atingidas. As funções logísticas da Rede incluem a gestão de recursos humanos e financeiros, o transporte, suprimentos, comunicação social, articulação entre as entidades e a organização de uma cozinha solidária. Essas funções são fundamentais para garantir o suporte necessário às comunidades atendidas, especialmente em momentos de crise.

Plano de Emergência Climática

Diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, a Rede das Redes desenvolveu um plano de emergência específico para os Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Terreiros.

O plano inclui o acompanhamento dos diálogos sobre apoio às vítimas de tragédias climáticas, como a recente no Rio Grande do Sul. Também está prevista a organização de encontros para oferecer apoio afetivo e espiritual às lideranças locais e a solicitação de inclusão de representantes da Rede no comitê de crise criado pelo Governo Federal. Para organizar a logística de assistência às populações afetadas, serão estabelecidos pontos de apoio conhecidos como escritórios de crise.

No médio prazo, a Rede das Redes busca ferramentas para mitigar os efeitos das injustiças climáticas, focando em uma ecologia humana que inclua saúde, educação, natureza e ancestralidade. A Rede das Redes propõe uma abordagem ampla de ambiente, que inclua o cuidado com os seres humanos e não humanos. No longo prazo, a Rede planeja eventos e colaborações internacionais, como a participação na Teia Nacional Cultura Viva de Matriz Africana, no Rio de Janeiro, e na Década dos Povos Afrodescendentes, em Moçambique.

Retorno para os espaços sagrados

O cuidado com os espaços sagrados é um dos pilares da Rede das Redes. As ações incluem acompanhamento médico e espiritual, a realização de um estudo antropológico do patrimônio cultural da comunidade e a restauração e adaptação dos espaços sagrados para suportar crises climáticas. Além disso, há um foco no restabelecimento da saúde da população negra pós-catástrofe e no desenvolvimento de uma rede de economia solidária para gerar emprego e renda. A segurança alimentar também é uma prioridade, com a proposta de processos de produção sustentáveis e justos.

A Rede das Redes é composta por diversas organizações comprometidas com a preservação cultural e a luta pelos direitos dos Povos Tradicionais de Matriz Africana. Entre essas organizações estão a Ação Cultural Nacional de Preservação do Patrimônio Bantu (ACBANTU), o Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos de Matriz Africana (FONSANPOTMA), a Rede de Mulheres de Axé do Brasil, a Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde (RENAFRO) e a Rede Afroambiental.