Ações na Arena, Corretoras

Socopa se reestrutura e pode vender braço internacional

A Socopa Corretora, uma das mais tradicionais corretoras independentes do mercado, está se reestruturando e seu sócio, Alvaro de Freitas Vidigal, o Guti, pode vender a participação que tem no braço internacional da instituição, a Trade Wire. “Vamos focar mais na área de asset management, estamos reforçando nossa gestora, a Riviera, e estamos lançando um fundo que vai aplicar em imóveis nos Estados Unidos”, explica Guti, que é filho do fundador da Socopa e ex-presidente da Bovespa, Álvaro Augusto Vidigal.

A Trade Wire é uma corretora com sede em Miami criada por Guti em 2006 para funcionar como um braço internacional da Socopa. “Com a situação do mercado americano após a crise de 2008, ela se tornou uma das principais instituições independentes da região”, diz. Voltada para o público latino-americano, a Trade Wire tem 1.500 contas de clientes institucionais e pessoas físicas e está presente nos mercados do México, Peru, Chile, Colômbia e Venezuela, além dos Estados Unidos. “Miami tornou-se um importante centro financeiro para a América Latina e conseguimos um espaço bom nos segmentos de private banking e institucional operando com derivativos, títulos de renda fixa e ações”, explica.

Guti recebeu uma oferta para a venda da Trade Wire para um grupo estrangeiro, que está no processo de auditoria (due dilligence) dos números para definir o preço do negócio. “Mas deve ser algo de mais de US$ 10 milhões”, estima. Ele não descarta a possibilidade de vender também apenas uma parte do negócio e continuar como sócio.

Guti não revela o nome do interessado, mas segundo fontes do mercado, seria a corretora americana Cantor Fitzgerald, que tem forte presença em mercados emergentes. São sócios na Trade Wire, além de Guti, com 50%, Alejandro Rebelo e Alexandre Hartman. Segundo essas fontes, os sócios discordavam da estrategia de crescimento e queriam um investimento maior na empresa, o que não foi aceito por Guti, que preferiu se concentrar na corretora brasileira e nos projetos imobiliários, nos quais vê maior potencial.

Suas prioridades são mudar o perfil da Socopa e explorar o mercado imobiliário americano. Na corretora, a proposta é que a gestora de recursos Riviera aumente o lançamento de fundos imobiliários e de crédito. “Com a bolsa em baixa e o investidor fugindo de ações, preciso ter opções para oferecer para os meus representantes e para os meus clientes”, explica. A proposta é ser uma butique de investimentos, oferecendo fundos próprios e de terceiros.

Mas o projeto mais ambicioso de Guti é um fundo para aplicar no mercado imobiliário de Miami. O fundo será aberto no Brasil para investidores superqualificados, com mais de R$ 1 milhão para investir, e aplicará em outro fundo, com sede nas Bahamas, que comprará ativos imobiliários de uma empresa americana. “A empresa nos Estados Unidos comprará imóveis, especialmente na periferia de Miami, que serão depois vendidos a prazo, e esses empréstimos servirão de lastro para a emissão de papéis que serão comprados pelo fundo das Bahamas”, explica. Já o fundo das Bahamas receberá os recursos do fundo brasileiro. “É uma grande oportunidade pois os preços dos imóveis estão ainda abaixo do custo de construir um novo”, afirma. O fundo local deve começar com cerca de R$ 10 milhões e atingir R$ 100 milhões até o fim do ano.

Artigo AnteriorPróximo Artigo