Política
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Por André Guilherme Vieira, Valor — São Paulo


(atualizada às 18h40 para incluir resposta da WTorre e seu sócio) Em delação premiada, o engenheiro Edison Coutinho, da Schahin, acusou Paulo Remy Gillet Neto, sócio da WTorre, de pedir R$ 18 milhões para sair da concorrência para a obra do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, no Rio de Janeiro. Tanto a construtora WTorre quanto Gillet negam as acusações (leia abaixo).

A construção do Cenpes já levou à instauração de ação penal na Justiça Federal do Paraná por corrupção e lavagem de dinheiro, em que são réus executivos da OAS, Schahin, Carioca Engenharia, Construbase e Construcap. A reforma do centro, fechada em 2008 com custo previsto em R$ 850 milhões passou a R$ 1 bilhão após a liberação de aditivos.

À procuradoria da República em Curitiba, Coutinho contou que participava de reuniões que inicialmente ocorriam no Rio, na sede de um sindicato perto da Avenida Graça Aranha. Depois tais encontros passaram a ocorrer nos escritórios da OAS do Rio e de São Paulo, segundo o delator.

“O objetivo dessas reuniões era especificamente a organização do mercado para a divisão das seguintes obras de edificações na construção civil da Petrobras: Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), Centro Integrado de Processamento de Dados (CIPD) e sedes em Vitória (ES) e Santos (SP)”, afirmou.

O engenheiro narrou que representantes de outras empreiteiras participavam dessas reuniões. “Em uma das reuniões, pelo que se recorda na sede da OAS no Rio de Janeiro, o colaborador lembra de ter sido expressamente afirmado por Agenor Franklin Magalhães Medeiros (OAS) que a proposta que apresentariam seria a vencedora; que, no entanto, quando da abertura das propostas comerciais para a obra do Cenpes, o consórcio foi surpreendido com uma proposta apresentada pela empresa WTorre cerca de R$ 40 milhões inferiores àquela apresentada pelo Consórcio Novo Cenpes”, relatou Coutinho, em delação premiada.

Ele contou que, inicialmente, o consórcio considerou que a obra estava “perdida”. Mas que, em outra reunião realizada dias depois, “houve um consenso de que dificilmente a WTorre teria condições de cumprir o contrato e discutia-se de que forma o consórcio poderia reverter o resultado da concorrência”.

Coutinho disse que depois disso foi falar pessoalmente com o empreiteiro da UTC, Ricardo Pessoa. “A Casa te indicou para falar com o Walter Torre, apesar de a OAS ser a empresa líder do consórcio. Esse assunto do Cenpes está incomodando internamente a Petrobras. Eu tenho uma solução para resolver esse assunto, e eu acho que, para resolver, você tem que conversar com o Carlos Eduardo Veiga, o Dadado, representante do Walter Torre junto à Petrobras”, teria dito Pessoa, segundo a versão de Coutinho.

O engenheiro falou aos investigadores que houve um entendimento consensual dos integrantes do consórcio, de que a única forma de afastar a WTorre da licitação seria por meio do pagamento indevido à empresa. Tal valor ficou estabelecido em R$ 20 milhões e teria cabido a Edison Coutinho a tarefa de “ajustar com o representante da W Torre um pagamento de vantagem indevida para que sua empresa desistisse do certame, de modo que o Consórcio Novo Cenpes se sagrasse vencedor”.

De acordo com Coutinho, ao chegar ao escritório da WTorre para tratar da propina, Carlos Eduardo Veiga pediu a ele que aguardasse, porque iria se reunir com Paulo Remy Gillet Neto – Coutinho disse que até aquele momento não conhecia Gillet Neto.

“Em seguida, Carlos Eduardo Veiga deixou a sala e ficaram apenas Paulo Remy Gillet Neto e o colaborador; que, nessa reunião, Paulo Remy Gillet Neto disse ao colaborador que era sócio da WTorre e que a empresa poderia informar à Petrobras que não teria condições de realizar a obra, desde que, em contrapartida, o consórcio pagasse R$ 18 milhões.”

Coutinho contou ainda, na delação, que a oferta inicial foi de R$ 8 milhões, mas que chegou-se à cifra de R$ 16 milhões após mais de quatro horas de reunião.

Mas, segundo Coutinho, Paulo Remy Gillet Neto insistia no valor de R$ 18 milhões e foi dito a ele que o consórcio aceitaria, “desde que a WTorre, em contrapartida, desistisse também de concorrer no certame do CIPD, apresentando uma proposta de cobertura, o que de fato se concretizou posteriormente”, afirmou. Agenor Franklin Magalhães Medeiros, como líder do consórcio, cuidou de providenciar o que havia sido acordado, segundo Coutinho.

Outro lado

Em nota, a WTorre nega irregularidades e diz que  Carlos Eduardo Veiga nunca teve mandato para representar a companhia ou falar em nome de Walter Torre Jr, seu fundador. “A WTorre esclarece que não teve participação na obra de expansão do Centro de Pesquisas da Petrobras; que não recebeu ou pagou a agente público ou privado nenhum valor referente a esta ou a qualquer outra obra pública", diz a nota. Segundo o texto, o empresário já prestou depoimento sobre o suposto recebimento de valores para abandonar a licitação de expansão do Cenpes "e nega, veementemente, que ele, a companhia ou algum de seus colaboradores tenha se beneficiado de pagamento indevido referente a esta ou qualquer outra obra."

Também em nota, Paulo Remy Gillet Neto confirma a reunião com Edison Coutinho, mas nega ter feito qualquer acerto com ele. Segundo o sócio da WTorre, Coutinho "distorce a realidade", com vistas a apresentar novidades que viabilizem um acordo de delação premiada. Leia a íntegra da nota de  Gillet Neto: 

“Repudio veementemente a tentativa de Édison Coutinho, ex executivo da Schain Engenharia de me envolver em negociações a cerca da licitação para a reforma do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras. Em que pese o fato de Coutinho ter de apresentar "novidades" para tornar válido seu tardio acordo de delação premiada, ele distorce a realidade e lança mão de inverdades. 

Coutinho realmente esteve em reunião na WTorre e de fato chegou até nós por meio de Carlos Eduardo Veiga que, naquela ocasião, por seu conhecimento na área de petróleo e gás, havia sido contratado pela empresa como consultor nestes setores. E foi a pedido de Carlos Eduardo Veiga que recebemos Edson Coutinho. Talvez ele realmente estivesse disposto a utilizar seus métodos pouco ortodoxos de fazer negócio mas, reafirmo que em momento algum ele, ou qualquer outro participante da referida licitação tratou comigo acerto, ou pagamento de valores indevidos referente a está ou a qualquer outra obra. 

Resta lembrar que muito se falou deste suposto pagamento sem que se diga, no entanto, como, quando e onde se processou o pagamento de tal montante. 

Também cabe esclarecer que a justiça já quebrou o sigilo bancário de todos os citados por parte da WTorre, o meu inclusive, e nada foi encontrado, pela simples razão de nada ter sido pago. 

Continuamos, executivos e o fundador da empresa, à disposição para qualquer esclarecimento que se faça necessário. E lamentamos, mais uma vez que, em troca da homologação de uma delação tardia, lance-se mão de inverdades, expondo o nome de quem tem uma reputação a zelar e a consciência tranquila”.

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