Por G1


Bolsonaro chega ao G20 e diz que Alemanha tem muito o que aprender com o Brasil

Bolsonaro chega ao G20 e diz que Alemanha tem muito o que aprender com o Brasil

Logo após desembarcar nesta quinta-feira (27) em Osaka, no Japão, onde participará de cúpula das 20 maiores economias do mundo (G20), o presidente Jair Bolsonaro disse que a Alemanha tem muito a aprender com o Brasil sobre questões ambientais. O evento começa nesta sexta-feira (28).

Assim como Bolsonaro, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Augusto Heleno, rebateu a fala da chanceler alemã Angela Merkel. A líder alemã afirmou que quer conversar com Bolsonaro sobre o desmatamento no Brasil.

Questionado sobre jornalistas sobre o tema, o presidente Jair Bolsonaro declarou:

"Nós temos exemplo para dar para a Alemanha, inclusive sobre meio ambiente. A indústria deles continua sendo fóssil em grande parte de carvão, e a nossa não. Então, eles têm a aprender muito conosco".

A resposta de Bolsonaro se refere a declarações de Merkel durante uma sessão no Parlamento alemão na quarta-feira (26). Ela disse que deseja conversar com o presidente brasileiro, sobre desmatamento, durante a cúpula no Japão. "Percebo como dramático o que está acontecendo no Brasil", descreveu a chanceler alemã.

"Vejo com grande preocupação a questão das ações do presidente brasileiro [em relação ao desmatamento], e, se ela se apresentar, aproveitarei a oportunidade no G20 para ter uma discussão clara com ele", disse Angela Merkel.

Diante disso, o presidente disse que espera ser respeitado pelos colegas.

"O presidente do Brasil que está aqui não é como alguns anteriores, que vieram aqui para serem advertidos por outros países. A situação aqui é de respeito para com o Brasil. Não aceitaremos tratamento como no passado", afirmou Bolsonaro.

Ele questionou, ainda, as reportagens que informaram sobre a fala de Merkel em uma sessão pública do parlamento alemão.

"Eu vi o que tá escrito. Lamentavelmente, grande parte do que a imprensa escreve não é aquilo", disse. "Tem que fazer a devida filtragem, para não deixar ser contaminado por parte da mídia escrita, em especial."

General rebate Merkel

Acompanhando Bolsonaro na viagem internacional, o general Heleno também criticou a chanceler, conforme relatou reportagem da BBC.

"O presidente não vai aceitar recriminações, reprimendas ao Brasil. É injusta a crítica à política de meio ambiente. Que moral eles têm? O Brasil tem que explorar as riquezas sem prejudicar o meio ambiente, o famoso desenvolvimento sustentável", disse Heleno, dizendo que os países ricos já destruíram suas florestas.

O general da reserva Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) — Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Arquivo

Questionado sobre o fato de que essa comparação precisa levar em conta que a mentalidade sobre preservação ambiental mudou muito nos últimos 100 anos, juntamente com as informações sobre os danos provocados pelo aquecimento global, o ministro do GSI questionou, conforme a reportagem da BBC:

"O Brasil não pode abrir mão das riquezas em prol de mais tarde essas riquezas serem exploradas pelos outros. Nas propriedades na Amazônia, a lei exige que 80% tem que ser preservada. É justo você comprar propriedade e não poder mexer?".

Preocupações na Europa

A crítica de Angela Merkel foi uma resposta a um questionamento da deputada do Partido Verde alemão Anja Hajduk, que notou denúncias de movimentos ambientalistas, cientistas e defensores dos direitos humanos sobre a deterioração das questões ambientais no Brasil.

A deputada questionou as negociações da União Europeia (UE) com o Mercosul sobre acordos de livre comércio, acrescentando que o bloco europeu deveria usar seu peso econômico para pressionar os países da América do Sul.

"Eu não acho que não levar adiante um acordo com o Mercosul vá fazer com que um hectare a menos de floresta seja derrubado no Brasil. Pelo contrário", comentou Merkel. "Vou fazer o possível, dentro das minhas forças, para que o que acontece no Brasil não aconteça mais, sem superestimar as possibilidades que tenho."

A Alemanha é um dos dois países que mais injetam recursos no Fundo de Preservação da Amazônia, juntamente à Noruega. Recentemente, participantes europeus do fundo criticaram as mudanças que o governo brasileiro pretende implantar.

O fundo é a maior transferência de recursos do mundo, entre países, para preservação de florestas. Em maio, o governo brasileiro anunciou a intenção de usar parte dos recursos para indenizar proprietários rurais em unidades de conservação e defendeu maior participação do governo nas decisões sobre como aplicar o dinheiro.

A França também está preocupada com a pauta ambiental brasileira. Nesta quinta, o presidente Emmanuel Macron disse que não assinará nenhum acordo comercial com o Brasil se o governo Bolsonaro decidir deixar o Acordo de Paris. Isso também coloca em xeque eventuais acordos comerciais da UE com o Mercosul.

Embora as negociações da UE com o Mercosul tenham se intensificado nos últimos meses, membros europeus estão relutantes, diante das questões ambientais.

"Se o Brasil deixar o Acordo de Paris, até onde nos diz respeito, não poderemos assinar o acordo comercial com eles", disse Macron a jornalistas no Japão, antes da reunião do G20, informou a agência de notícias Reuters.

"Por uma simples razão. Estamos pedindo que nossos produtores parem de usar pesticidas, estamos pedindo que nossas companhias produzam menos carbono, e isso tem um custo de competitividade. Então não vamos dizer de um dia para o outro que deixaremos entrar bens de países que não respeitam nada disso."

Em janeiro, Bolsonaro disse que, por enquanto, o Brasil não vai deixar o acordo de Paris sobre o clima.

Mais sobre o G20

O encontro do G20 acontecerá na sexta-feira (28) e no sábado (29). Bolsonaro fará a estreia no G20 e, segundo a assessoria, terá compromissos a partir desta quinta. Antes de partir, ele entregou a Presidência ao vice, Hamilton Mourão.

Além das atividades da cúpula, Bolsonaro se reunirá com líderes de outros países, entre os quais o presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro ministro da Índia, Narendra Modi.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil, e Bolsonaro deve visitar o país em agosto. O encontro com Xi Jinping acontecerá em meio à guerra comercial entre China e Estados Unidos. O país governado por Donald Trump é o segundo maior parceiro comercial do Brasil.

Bolsonaro ao desembarcar em Osaka — Foto: Reprodução / TV Globo

Brics

De acordo com a previsão de agenda divulgada pelo Palácio do Planalto, Bolsonaro terá audiência com o presidente do Banco Mundial, David Malpass, e participará de uma reunião informal dos líderes do Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O Brasil exerce em 2019 a presidência rotativa do bloco e, segundo o Planalto, dará prioridade a temas de cooperação, em especial na área econômica.

Bolsonaro ainda participará na sexta de um jantar em homenagem aos líderes do G20, oferecido pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe. Já no sábado, tem agendada reunião com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

A prévia da agenda ainda inclui reuniões com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, e com o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien-Loong.

Um relatório recente da Organização das Nações Unidas (ONU) sugere que Salman foi responsável pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, assassinado no consulado saudita na Turquia em 2018.

Estreia de Bolsonaro

A ida de Bolsonaro à Ásia marca a primeira participação dele como presidente da República no encontro de líderes do G20. Bolsonaro será um dos três oradores principais na sessão temática de inovação e tecnologia.

Crescimento econômico, protecionismo e tensões comerciais estão, conforme o governo brasileiro, entre os principais desafios do evento neste ano.

O encontro mais esperado da cúpula será entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping. Isso porque há uma guerra comercial entre os países, marcada pelo aumento das tarifas de importação e pelo subsídio à produção de ambos os lados.

O Brasil apoia a proposta norte-americana de reformar as regras da Organização Mundial do Comércio para condenar o subsídio governamental às indústrias com maior veemência.

Como contrapartida, o Brasil defende o mesmo rigor contra os subsídios agrícolas em países como EUA, França, China e Índia.

Veja, abaixo, a agenda prevista (horários em Osaka, no Japão, 12 horas à frente de Brasília):

Quinta-feira (27)

  • 13h35: Chegada a Osaka
  • 19 horas: jantar privado

Sexta-feira (28)

  • 9h10: Audiência com o presidente do Banco Mundial, David Malpass
  • 10h20: Reunião informal dos líderes do BRICS
  • 11h10: Reunião bilateral com Xi Jinping, presidente da China
  • 12 horas: Primeira sessão plenária da cúpula de líderes do G20
  • 14h05: Reunião paralela dos líderes do G20 sobre economia digital
  • 14h55: Segunda sessão plenária da cúpula de líderes do G20
  • 18h45: Jantar em homenagem aos líderes do G20 oferecido pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe

Sábado (29)

  • 9h20: Reunião bilateral com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi
  • 9h40: Reunião paralela dos líderes do G20 sobre empoderamento das mulheres
  • 10h: Terceira sessão plenária da cúpula de líderes do G20
  • 11h30: Reunião bilateral com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman
  • 12h15: Quarta sessão plenária da cúpula de líderes do G20
  • 13h45: Sessão de encerramento da cúpula de líderes do G20
  • 14h05: Reunião bilateral com o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien-Loong
  • 18h: Embarque para o Brasil

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