NUNES,
Pedro, 1502-1578 - 1
[Defensão
do tratado da rumação
do globo para a arte de navegar
/ Pedro Nunes]. - [antes de
1544]. - [V], 26, [III] f.,
enc. : papel, il. com representações
de linhas de navegação
; 23 cm
Cópia
autógrafa (?), com algumas
correcções e notas
da mesma letra. - Texto em português.-
A atribuição
de título em português
deve-se a Joaquim de Carvalho:
Defensão do Tratado da
Rumação do Globo
para a Arte de Navegar / Pedro
Nunes. 1952, Revista da Universidade
de Coimbra. 17; foi no mesmo
ano publicado separadamente:
Coimbra : [Universidade], 1952.
Este investigador também
publica, transcreve e reproduz
em fac-símile o manuscrito
pela primeira vez. - Título-resumo
em italiano, segundo o catálogo
da BN de Florença: [Alcune
dimostrazioni in difesa della
sua dottrina sulla curva lossodrometrica
descritta dalle navi nelle lunghe
navigazioni oblique al meridiano
o all'equatore] (in: I codici
Palatini... / Luigi Gentile.
Roma : presso i principali librai,
1890, vol. II, p. 346-347).
Nos catálogos
da Biblioteca Nacional de Florença,
pelo menos desde finais do século
XIX, este manuscrito era já
referenciado como sendo da autoria
de Pedro Nunes. Datação
provável, segundo Joaquim
de Carvalho. - Dedicado ao infante
D. Luís (1506-1555),
quarto filho do segundo casamento
de D. Manuel: "Pero nuñez
ao serenissimo prinçipe
o ifante Don Luys" (f.
1), de quem foi professor de
Filosofia, Matemática,
Geometria e Astronomia.
António
Ribeiro dos Santos referenciou
o manuscrito que serviu de pretexto
para a presente [Defensão....],
como um dos manuscritos perdidos
de Pedro Nunes, conferindo-lhe
o título segundo o qual
passaria a ser conhecido: Tratado
da maneira de delinear o Globo
para uso da Arte de Navegar,
ou, segundo a opção
de Joaquim de Carvalho, Tratado
da rumação do
globo para a arte de navegar,
que havia sido dedicado ao príncipe
D. Luís (1506-1555).
Este "primeiro" manuscrito,
que nunca foi impresso, e do
qual se desconhece o paradeiro,
teria circulado nos meios científicos
coevos e suscitado alguma crítica
por parte de um autor não
identificado, um "bacharel",
na obra, em latim, com o título
Tratado sobre o arrumar do globo.
Pedro Nunes alude a este facto
na parte introdutória
da [Defensão...]: "Ly
o tratado que hum Bacharel compos
sobre o aRumar do globo a fim
segundo por elle vejo de reprehender
o que sobriso escreui na obra
que deregi A. V. A. [
]"
[f. 1]. - Ao longo da obra,
vai explicitando os erros do
seu "detractor", ao
mesmo tempo que defende os pressupostos
que havia já colocado
nesse referido manuscrito.
Pert.:
o manuscrito foi herdado por
Mathias Pereira de Sampayo,
neto de Pedro Nunes, que, segundo
A. Baião, nasceu em 1582;
dele sabemos ter frequentado
a Universidade de Coimbra, em
Cânones, de 1600 a 1604,
sem, contudo, se ter formado.
Atesta a veracidade da letra
de seu avô em carta datada
de 1 de Setembro de 1645, sem
indicação de destinatário,
dirigida, segundo Joaquim de
Carvalho, a Luís Serrão
Pimentel: "...agora fazendo
deligencia per seruir a Vm achei
esse tratado da sua letra o
qual com esta enuio a Vm."
(esta carta encontra-se encadernada
entre o f. 25 e 26, com a numeração
recentemente atribuída
"f. 25 bis" e "25
ter").
O manuscrito
foi oferecido pelo cosmógrafo-mor
e engenheiro-mor do reino Luís
Serrão Pimentel (1613-1679)
a Cosme III, príncipe
de Médicis (1642-1723),
grão-duque da Toscana
(1670-1723), atento coleccionador
de obras científicas
e de matemática, antigo
aluno de Galileu, e com quem
Serrão Pimentel contactou
em 1669, por ocasião
da sua viagem a Portugal para
visitar as principais praças
militares portuguesas. No fólio
[V r.], em letra seiscentista,
encontra-se a seguinte dedicatória:
"Serenissimo Senhor Cosmo
Terceiro, Grande Duque da Toscana
ESTE MANUSCRIPTO DO INSIGNE
PETRO NONIO SALACIENse Offerece,
dedica, consagra A VOSSA ALTEZA
SERENISS.A O engenheiro Mor
& Cosmographo Mor dos Reynos,
& Senhorios de Portugal.
Seu humillissimo Servo Luiz
Serrão Pimentel".
A oferta do manuscrito teria
de ser, portanto, posterior
a 1670. - Cosme III incorporou
o manuscrito na Livraria do
Grão-Ducado, herdada
pela filha, Ana Maria de Médicis,
que em 1737 fez doação
ao estado italiano. Integrou
a Biblioteca Palatina (o carimbo
figura no frontispício)
e em seguida o Museu de Física
e História Natural de
Florença.
Encadernação
do século XVII em pastas
de cartão revestidas
de pele com ferros a ouro, corte
dourado. Os cinco primeiros
fólios e os três
últimos correspondem
a fólios de guarda.
SANTOS
(1806); BAIÃO (1915);
CARVALHO (1924); CARVALHO (1952)
Biblioteca
Nazionale Centrale di Firenze
Palatino 825
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