O comerciante Kleber Atalla, de 51 anos, é citado no boletim de ocorrência sobre a morte do cantor Chorão, do Charlie Brown Jr, como uma das duas pessoas que encontraram o vocalista morto no apartamento do artista em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, nesta quarta-feira (6).
Atalla disse à polícia que era motorista de Chorão. O comerciante ficou conhecido como o "Motoboy do YouTube" após publicar na internet vídeos em que trafega de motocicleta em alta velocidade, faz ultrapassagens proibidas, dirige na contramão, e avança o sinal vermelho.
No mês passado, Atalla foi indiciado por homicídio culposo por atropelar e matar com seu carro um pedestre em janeiro, e por apologia ao crime em seus vídeos. Atalla negou ter cometido irregularidade e pediu desculpas à família da vítima.
No boletim de ocorrência sobre a morte do cantor, Atalla é citado por ter encontrado, juntamente com o segurança Vitor, o vocalista morto na cozinha do apartamento.
Nesta manhã, Atalla prestou depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Centro. Ele e o segurança deixaram o local sem dar entrevistas.
Amizade no YouTube
Em um video exposto no YouTube, gravado por Kleber Atalla, Chorão passeia no Salão do Automóvel, no Anhembi, em São Paulo. Chorão brinca com um homem que cumprimenta Atalla, afirmando que a câmera do amigo é capaz de captar dados da conta corrente de quem ele filma.
Atalla filma Chorão em salão do automóvel(Foto: Reprodução/ G1)
Uma modelo pede para ser fotografada ao lado do músico. Ele aceita e fica ao lado dela, mas coloca óculos escuros e põe as mãos no bolso da blusa antes de a imagem ser feita. Logo depois, o cantor pergunta onde fica o estande de uma marca de importados. Chegando lá, se interessa por um modelo esportivo. "É V8 o bagulho?", pergunta Chorão, que antes de ir embora comenta detalhes do carro.
Varredura no apartamento
Ainda segundo o boletim de ocorrência, a polícia realizou uma varredura superficial no apartamento.
"Havia latas de cerveja, energético, garrafas de vinho, etc. Outrossim, é notório que o apartamento não tinha o mínimo de condições para moradia, seja pela falta de higiene, ausência de móveis", escreveu o delegado ao registrar o boletim.
Segundo o delegado Itagiba Vieira, do DHPP, Chorão chegou ao apartamento em Pinheiros na segunda-feira (4). Antes, ele estava em um hotel – Itagiba não informou se era na capital paulista. Chorão havia combinado com Atalla de ir pegá-lo às 12h desta terça-feira (5).
O motorista foi ao prédio, e ninguém atendeu à porta. Atalla retornou às 20h e, novamente, não foi recebido. Ele decidiu, então, procurar o segurança de Chorão. Os dois foram ao local na madrugada e o segurança, que tinha cópia das chaves, abriu a porta. Os dois encontraram o cantor e acionaram o Samu. Em seguida, a Polícia Militar foi chamada, às 5h18, para "verificação de morte natural em apartamento".
O delegado Luiz Romani, do 14º Distrito Policial, em Pinheiros, que registrou a ocorrência, suspeita que Chorão tenha sido vítima de overdose de drogas. Segundo ele, no apartamento do artista foi encontrado um pó branco, que será periciado – ele suspeita que seja cocaína.
“Por enquanto, o principal suspeito é a droga”, disse Romani, que atendeu a ocorrência nesta manhã, sobre a causa da morte do artista. Em foto obtida pelo G1, é possível observar um pó branco ao lado de latas de refrigerante e bebidas alcóolicas. A existência desse pó branco é relatada no boletim de ocorrência registrado no 14º DP.
Segundo Romani, Chorão foi encontrado de bruços, na cozinha do apartamento duplex de 250 metros quadrados. O imóvel tem cinco suítes e porta blindada.
Segundo o delegado, a investigação apurou que chorão estaria fazendo uso de drogas recentemente. O G1 apurou que testemunhas relataram aos investigadores da Polícia Civil que Chorão estava passando por uma crise de depressão e fazendo uso de drogas após se separar da ex-mulher, há cerca de seis meses. Nesta manhã, a apresentadora Sônia Abrão, prima do cantor, contou que Chorão estava em depressão e reclamava de solidão.
