A coluna de ciência e tecnologia desta quarta-feira (19) mostra um tratamento que pode evitar que doenças atravessem gerações. É saúde e qualidade de vida para milhares de pessoas.
Mulheres grávidas fazem ioga e meditação, importantes neste momento delicado. A professora de ioga Patrícia Fretias diz que a técnica milenar é importante na gestação. “O ioga traz para o corpo da mãe, e melhora a saúde física e mental”, explica.
Saiba como fazer a aula de ioga para grávidas
Ioga traz tranquilidade, mas a ciência e a tecnologia também. Uma doença muito grave poderia ter sido transmitida, mas não foi graças a uma técnica muito especial.
Para muita gente, o sonho tem forma. Depois a gente descobre que o sonho faz manha, chora, é bagunceiro. Mas tem o mais importante: “Quando ala dá aquele chorinho, é a melhor coisa. É o que importa”, diz um homem.
Paula e André tinham exatamente esse sonho. Mas antes de Helena chegar, o drama: André é portador de uma anomalia genética chamada paramiloidose, uma doença degenerativa que atinge os nervos.
A mãe e um irmão dele morreram disso - e o risco de ter um filho com o problema assustava. “A gente achava que não poderia ter filhos mesmo. Se para mim já foi doloroso passar com o meu esposo, imagina com um filho”, conta Paula.
Para que Paula e André Bittencourt tivessem um filho ou filha saudável era preciso primeiro fazer um tratamento para saber se o embrião iria ou não ter a doença do André. Seria necessário fazer uma fertilização in vitro, ou seja, ter um bebê de proveta. Além disso, tinha os custos de todo esse processo, que podem ser bastante elevados. Tudo jogava contra, mas eles resolveram arriscar.
É aí que entra na história a professora Carmem Silva Bertuzzo, da Universidade de Campinas. Ela nunca encontrou o casal, mas é especialista no chamado DGPI - Diagnóstico Genético Pré-Implantacional. “A gente escolhe, entre os vários embriões que são feitos por fertilização in vitro, quais aqueles que não são portadoras daquela doença, para serem implantados”, explica.
Havia um risco de 50% da doença ser passada de pai para filho. Mas veja o resultado do casal Paula e André: das 11 células, em nove a doença apareceu. Apenas dois embriões eram livres da paramiloidose.
“Esses dois embriões foram implantados no útero da Paula. E tivemos a felicidade de um que implantou, nidou e resultou na Helena. A gente adora essas notícias”, conta a médica.
Helena nasceu livre de uma doença grave. Mas, se outros pais saudáveis resolverem usar essa técnica para escolher, por exemplo, a cor dos olhos do bebê, ou o tipo de cabelo ou o tom da pele. É aí que o avanço científico se transforma em questão ética. Qual o limite? Até onde a ciência deve ir para alcançar novas descobertas? No Brasil, falta uma lei federal, um código de ética para esse novo mundo da genética e suas infinitas possibilidades.
“Há um receio bastante difundido de tudo que se relaciona à genética tanto para um admirável mundo novo, onde se vá produzir pessoas fabricadas. Esses mitos precisam ser combatidos. A realização de testes genéticos para implantação é algo muito bom”, afirma Sérgio Rêgo, presidente da Sociedade Biomédica do Rio de Janeiro.
Para quem ainda espera a cura, a certeza de que Helena é saudável traz um só sentimento. “É um alívio muito grande, uma felicidade que ela vai crescer saudável e não vai passar pelas angústias que eu passei”, afirma o pai.
E a família, que ficou mais forte, realizou outro sonho: encontrar quem ajudou tudo isso acontecer. “A gente sempre espera que a ciência dê bons frutos assim. Essa deve ser a finalidade da ciência: voltar para a comunidade e trazer o bem para o ser humano”, afirma Carmem Silva Bertuzzo.