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terça-feira, 26 de julho de 2011

Cowboy Paulistano


Ontem eu estava em um ônibus vazio a caminho de Osasco para visitar minha tia distante. Eu tinha enchido fones nos meus ouvidos e estava olhando pela janela e ouvindo uma música no volume mais alto de meu celular. O ônibus parou e um cowboy ou cantor sertanejo legitimo entrou. Esse cara foi para o real. Larga aba, esporas de cavalo, botas de cowboy pretas, fivela de cinto enorme de aço inoxidável na forma de um arco, luvas de couro cru batendo de um bolso de trás, calça jeans apertada, e o clássico bigode. Ele até tinha um coldre de couro enorme, mas para meu espanto, nenhuma arma.O grande homem subiu a bordo. Senti uma onda de admiração por cima de mim como o cheiro de estrume de vaca e creosoto que seguiram o exemplo.

O menino em mim sempre quis ser um cowboy. Isso é irônico, porque ser um cowboy é cultivar o trabalho do homem. Deixei-me tomar por pensamentos quando o ônibus resmungou de volta para a estrada. O passageiro embarcou recentemente e retiniu no corredor, segurando os assentos de cada lado com as mãos, como vícios de ferro e, finalmente, deixo-se cair no assento ao meu lado. Sentei-me um pouco mais reto e continuei olhando pela janela. O ônibus estava praticamente vazio. Havia um milhão de lugares. Por que ele tem que se sentar ao meu lado? Eu sou o tipo de pessoa que gosta de seu espaço, mas vi pelo lado bom. Aqui eu estava sentado ao lado de um cowboy. Um real. Tudo o que eu conseguia pensar era que aqueles cowboys de filmes realmente existiam.
De repente ele se virou me inspecionando.

"Então você está ouvindo heavy metal?"

Eu retirei um fone de ouvido.

"Não... não" - eu disse balançando a cabeça.

"Eu sei que você escuta Heavy metal."

Eu respirei.

"Oh, não realmente. Eu costumo ouvir um pouco de Hardcore.’’

Ele olhou para o meu celular e riu para si mesmo.

"Será que é heavy metal?"

"Você quer dizer que eu estou ouvindo agora?"

"Sim".

"Não, é apenas uma banda que eu gosto."

"Como eles são chamados?"

"Uh, eles são chamados de rancore".

"São heavy metal?"

Limpei a garganta.

"Não, eles são hardcore, instrumental experimental. Coisa realmente cativante."

"O que é que isso quer dizer."

Eu mudei o meu peso.

"Eles são realmente complexos, grandes canções, escrita brilhante. Realmente criativos. Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo."

"Então você gosta Nickleback?"

"Oh, não tanto. Eles não são realmente minha coisa, eu acho."

"Pantera?"

"Na verdade não."

"Kiss?"

"Não."

Ele olhou para mim e disse:

 "Por que não? Você acha que heavy metal é estúpido?"

"Eu não diria que, eu, você sabe... Eu não sei."

A conversa estava ficando desconfortável, olhei para fora do ônibus querendo fugir da conversa quando senti um toque no meu ombro:

"Hey, quer ouvir uma canção que eu escrevi?", Perguntou.

Eu hesitei.

"Você quer dizer, tipo, você vai cantá-la para mim? Agora?"

"Sim. É estranho?"

"Quero dizer, não. Mas com certeza, vamos ouvi-lo."

Eu me preparei. Eu estava em um ônibus em Osasco empoeirado sentado ao lado de um cowboy cantando? Isso ia ser bom.

Não havia muitos passageiros a bordo do ônibus para começar, o cowboy balançou as botas sobre a cadeira vazia na frente dele, jogou a cabeça para trás e começou a cantar. Eu não posso nem descrever o que aconteceu em seguida. Eu nunca poderia ter me preparado para o que se seguiu. Eu nem sabia se ele realmente iria ter a coragem de cantar. Ele cantou.

OOOOOOOOOOOAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH 
BEM EU ENCONTREI um dobrão espanhol em um Bar
SO Eu o lavei com a mangueira, YEAH A MANGUEIRA 
Levei para a cidade para comprar um farol no ar 
Mas então eu perdi, yeah Eu perdi o meu carro 
eu cai para baixo um buraco de rato , YEAH um buraco de rato
Então eu balançava POR TODA A CIDADE E ATE ME ALGUMAS AIPO 
Thrum Thrum DOO DOO DEE HAHAHHA OOOOOAAAAAAAAH

Não tinha entendido nada. Foi ensurdecedor. Ele gritou no topo de seus pulmões, terminou-a com um gorgolejo alto gutural e se virou para me dar o último suspiro e logo depois um sorriso.
Eu estava incrédulo.
É preciso compreender que eu não me orgulho de criticar música de outras pessoas. Sinto-me dizer quando eu me pego fazendo isso. Eu tento evitar picuinhas sobre o trabalho de outro artista, porque como todos sabemos, não há duas mentes que pensam exatamente iguais e que um pedaço de escrita que significa alguma coisa para uma pessoa pode significar algo totalmente diferente para outra pessoa. Eu gosto disso. É uma das coisas que categoriza a música como ARTE, em vez de Matemática. Eu odeio matemática. Não há nenhuma fórmula com a música, não há respostas certa
No entanto, se alguma vez houve uma resposta errada, a equação deste vaqueiro estava começando a somar. Foi fascinante.

"Isso foi incrível," eu menti através de meus dentes.

"Sim," Ele disse.

Sentamos em um silêncio constrangedor por um minuto enquanto eu olhava atentamente pela janela para o mundo, tentando não persuadir um olhar. O ônibus começou a desacelerar quando chegamos à cidade onde eu estava programado para sair. De repente, ele me bateu duro no ombro.

"Ei, quer uma guerra polegar?"

"Não, obrigado", eu disse desconfortavelmente.

"Ei, quer ver onde um cachorro me mordeu?"

"Uh, eu acho que não. Melhor não"

Ele apontou um dedo oleoso no meu celular.

"Ei, posso ouvir o seu Walkman?"

Felizmente estávamos quase lá. Levantei-me e disse-lhe que aquela era a minha parada. Ele se levantou para me deixar sair, mas uma bota de vaqueiro pegou o assento com ele e começou a se debater por um segundo antes de dar um grito e bater no corredor. Todo mundo olhava em silêncio atordoado. Depois de gritar para fora uma série de palavrões que eu nem sequer poderia repetir a um marinheiro salgado, ele puxou um grande grito:

"HEY! Comece a ouvir heavy metal!"

Olhei para trás e vi-lo parado no meio do corredor me dando "rock", o chifre do diabo em sinal e fazendo uma cara feroz. Eu dei-lhe um sorriso largo e um polegar para cima e desci do ônibus olhando para o sol.
  

30 comentários:

shan-Tinha disse...

oiii
vim te conhecer viu?
viveste mesmo esta história?
gostei pelo acontecimento, diálogo com o desconhecido e a forma como relatas. Ei coloca uma foto tua, prefiro quando posso ver a fisionomia da pessoa que escreve ok?!
bjinho e Parabéns pelo blog!

Paulo Bouvier disse...

Shan, sim felizmente eu tive o prazer de ter esta experiencia.
Obrigado, e eu vou colocar uma foto.

João Maria Ludugero disse...

Adorei seu blog! Gostei muito e voltarei para ler mais, com mais tempo. Já estou te seguindo, minha foto ficou sem rosto. Vou tentar consertar depois. Mas tô dentro! Se puder, me siga também!
Um grande abraço,
João Ludugero, poeta.
www.ludugero.blogspot.com
Até mais!

Anônimo disse...

Olá,
Obrigada pela visita e o carinho de seu comentário.
Sou sua mias nova seguidora
Espero que retorne sempre.
Beijo na alma
Saudações Poéticas!

Messias Daniel disse...

olá mt obrigado estou seguindo vc
só q estou em bh e estari fora de meu blog por uns dias
abçs

Anônimo disse...

Valeu! Muito legal

La(ize) disse...

oksaosaosaksa Que 'cowboy' fail! Se fosse comigo eu ia rir muito. hahaha

"3oh3" "é heavy metal?" Como assim gente?? kkk'
E sobre alguém sentar do lado no ônibus: eu fico me sentindo meio rejeitada, ás vezes, quando alguém passa e não senta do meu lado, sério. é meio doido, mas é verdade; dai depois eu penso "eu não sentaria aqui também, aquela cadeira é melhor!" E quando sentam eu preferia que não tivessem feito, porque me sinto espremida algumas vezes. oskaosakosa s:

Minhas coisas disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKk!

Se fosse comigo eu não ia aguentar e ia rir na cara daquele cowboy!
Isso realmente aconteceu? Um Cowboy LOL

Gostei'

MA FERREIRA disse...

Lição aprendida: quem ve cara não ve gosto musical..rs lição

Que cara chato heim..rs
Incoveniente.. ( mesmo usando bota de cawboy )..

Adorei seu jeito de escrever...

Quero agradecer vc pelo gentil comentário em meu blog.

Se bater inspiração a minha postagem de amanhã será bacana.. to com o tema na cabeça..vamos ver o que dá..se é que vai dar..
bj..
Ma ..

Zéia disse...

Oi Paulo Bouvir. Vim agradecer sua visita. Obrigada. Seja sempre bem vindo.

Pois então hein!!! Que aventura foi essa meu amigo...

Com meu jeito de ser... Me sentiria bem desconfortável... E sinceramente educação é algo q valorizo demais.
Uma pessoa que além de ser incoveniente procurou impor sua opinião.(rsrsrs...)
Mas percebi q vc levou tudo na brincadeira. Isso é bom, afinal, com uma letra daquelas... So levando na esportiva mesmo.

Um abraço. Que Deus o abençoe poderosamente em Nome de Jesus Cristo.

F!Pian disse...

Oi... Amei seu blog.
E o post incrível... estranha experiência, mas incrível...
Amei o modo que escreve, até parece um conto.
Poderia escrever um livro... quem sabe.
Obrigadão pela visita e volte sempre!

Já te sigo.
Até mais.
fabianapian.blogspot.com

Carlos disse...

É Paulo, não é fácil se manter numa situação dessas.
Se fosse eu com certeza iria rir bastante quando o Cowboy começou a gritar no ônibus e todos olhando.
Paulo, tem alguns erros, em algumas partes não tem concordância gramatical, preste mais atenção na hora de escrever o próximo. Mas isso, não quer dizer que eu não gostei, muito pelo contrário, adorei, você escreve bem e como a amiga de cima disse: "Parece até um conto"

ATÈ!

Paulo Bouvier disse...

João, Tereza, Messias, Sonia, Laize, Ma, Séia, F.Pian, e Carlos, muito obrigado pela ilustre visita. Fico muito agradecido por terem gostado.

Carlos, obrigado pola dica amigo, e me desculpe pelo meu descuido, prometo que, farei o máximo para agradalo!

Ana disse...

Olá Paulo,

Tudo bom?
Eu ADOREI seu blog!
Isso foi surreal!
Me entusiasmei com a leitura. Essa experiência teve cara de conto, muito bacana. Obrigada por partilhar conosco.
Foi um prazer receber sua visitinha no Blog!
Bjinho.

Laura disse...

hahaha, muito legal!

Jeferson Cardoso disse...

Ei Paulo, sensacional sua crônica! Uma figura como essa é coisa rara, só poderia dar uma boa crônica mesmo. E como já foi dito: Ouça heavy metal, Paulo! [estou rindo muito agora] Obrigado por sua atenção em meu blog! Abraço, amigo!

Eloah disse...

Obrigada por visitar meu Blog e ser meu seguidor. Vim conhecer o seu.Adorei sua crônica.És um contador talentoso de histórias.Parabéns! Tua história foi muito divertida.Vim, gostei e voltarei sempre.Um forte abraço Eloah

Jeferson disse...

Sensacional
Muito fora do normal
Gostei demais, quando lemos uma história dessas é meio difícil de acreditar... poderíamos até dizer que é "história de pescador" mas é boa, legal e engraçadas, jeito em que o Cowboy começou a cantar essa música estranha... Gostei manow'

Guma disse...

olá Paulo,

essa é uma viagem dentro da própria viagem.
nas minhas andanças e quando uso o trem em viagens longas, já me aconteceu de tudo. das melhores companhias que me surpreendem pela positiva a outras que gostaria de não ter partilhado. todas elas seja como for, foram experiências das quais se tira algo...

gostei da sua narrativa escorreita e como cada um leva seu jeito único, aqui deparei com um cunho próprio que é de realçar.

kandandos... inté!

Arthur disse...

Brilhante!
Muito bom!
Excelente escritor!

Lara Mello disse...

É cada louco que nos aparece, mas adorei a historia, obrigada apela visita, também mo Harry! \o/

Evanir disse...

Apesar de todas as dificuldades,
das tristezas que insistem.
Mesmo com essa montanha erguida
O sol possa ser o presente mais doce
em cada amanhecer da minha vida.
Que eu sinta serenidade nesse momento
de espera.
Que eu aguarde com tranquilidade
o nascer do Sol todos os dias.
Que ele traga luz para minha vida
abrir cada dia mais o meu coração.
E numa prece silênciosa eu continue
na fé esperando um amanhã mais feliz
e mais bonito.
Tudo isso só sera possivel se eu tiver
uma fé sem limites.
E poder contar sempre com sua
amizade tão bonita.
Que Deus esteja contigo e comigo.
Um feliz e abençoado final de semana.
BJS no coração,,Evanir..

Vinicius Carvalho disse...

Rapaz muito bom seu texto adorei!!!

Venho deixar um abraço e desejar a vc um ótimo sábado- desculpa a correria, prometo voltar com mais calma!

Espero por vc no Alma!

jane, janinha disse...

Oi
Adorei a sua narrativa!
Tem um jeito muito único
para usar as palavras!
A história em sim também é mto engraçada!
Convido-o a visitar o meu blog:
http://ricularidades.blogspot.com

Paulo Bouvier disse...

Muito obrigado amigos pela visita e pelos comentários. Fico lisonjeado.
Espero ver vocês aqui mais vezes.

Unknown disse...

Ser cowboy é um sonho que inevitavelmente todos temos quando criança.

Muito bom o que escreves.

Parabéns.

Carlinha disse...

Olá Paulo...
Eu que que não entendí muito bem o propósito do seu email. Desculpa

Sonhos e Artes disse...

Oi Paulo! Vim agradecer sua presença no Sonhos e Artes e dar uma olhadinho no seu espaço...gostei e estou seguindo.
Parabéns pelos escritos! Gostei.
Abraços. Josi

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Dai Santos disse...

Oi Paulo vim retribuir sua visita :) Obrigada por ter passado no meu cantinho.

Cara o que foi isso? fiquei imaginando a figura...kkkkkk isso logo num onibus p/ Osasco? minha família mora lá...hehehe

Abraços e volte sempre no Mundo da Isabella ;)