O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Papa Bento XVI manifestou preocupação com a crise financeira internacional em uma audiência fechada que tiveram no Vaticano nesta quinta-feira (13).
"Ele disse que a crise é grave", relatou
o presidente. "Eu pedi ao papa que nos seus pronunciamentos
ele fale da crise econômica, pois, se todo o domingo o papa der
um 'conselhozinho', quem sabe a gente encontra mais
facilidade para resolver o problema", afirmou.
O encontro, que ocorreu na biblioteca do Vaticano, durou 24 minutos e foi acompanhado por dois tradutores. Lula afirmou ter dito ao Papa que sua preocupação é com a situação das camadas mais pobres da população.
"O empresário pode perder um pouco, mas vai continuar sendo empresário, vai continuar rico. E os setores mais avançados da sociedade vão perder um pouco, mas continuarão comendo, bebendo e jantando. A minha preocupação é que a crise resulte no empobrecimento daqueles que já são pobres", disse Lula, depois da audiência.
Bolsa Família
Lula contou que Bento XVI chegou a comentar sobre o programa Luz Para Todos, a política do governo brasileiro para a África e o "sucesso" do Bolsa Família. "O Brasil sempre trabalhou e trabalhará para ter uma boa relação com os papas", disse Lula.
Lula presentou Papa Bento XVI com uma escultura de barro que representa família de retirantes nordestinos (foto: Ricardo Stuckert/Presidência)
O presidente presenteou o Papa com uma escultura de barro de uma família de retirantes nordestinos e ganhou uma caneta do pontífice.
"Eu disse uma vez, logo depois da visita dele ao Brasil, que
a imagem que eu tinha dele era a que passava na TV: um homem
sisudo e de poucos amigos. A verdade é que ele é um homem afável
e fiquei surpreso por ele ser bem informado sobre o
Brasil".
Acordo
Após o encontro reservado com Lula, o Papa cumprimentou a primeira-dama, Marisa Letícia, e os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Nelson Jobim (Defesa) e Celso Amorim (Relações Exteriores).
Em seguida, representantes do governo brasileiro e do Vaticano assinaram acordo que ratifica normas já previstas na legislação brasileira, da atuação de religiosos no país.
Lula e sua delegação se reuniram na Sala do Tratado para a solene
assinatura do acordo, que durou cerca de meia hora e à qual
também assistiu o número dois do Vaticano, cardeal Tarcisio
Bertone, assim como o ministro das Relações Exteriores da Santa
Sé, Dominique Mamberti.
"Não são estipulados privilégios e, sim, é
reconhecida a importância da Igreja católica no Brasil",
afirmou Mamberti em seu discurso, no qual manifestou a
satisfaçao da Igreja pelo acordo alcançado.
"Acho que é um acordo histórico porque regulamenta todos os
aspectos jurídicos da Igreja, que conviveu muitos anos
tranqüilamento no Brasil", declarou à imprensa o cardeal
Claudio Hummes, que assistiu à cerimônia.
Comunicado do Vaticano
Em um comunicado, o Vaticano informou que o
encontro "consistiu em uma frutífera troca de opiniões
sobre temas da atualidade internacional e regional".
Ambos conversaram sobre a situação do Brasil,
"em particular sobre as políticas sociais adotadas para
melhorar a vida das pessoas que vivem inadaptadas e
marginalizadas", e o "papel chave da família na luta
contra a violência e a deterioração social", informa o texto.
O pontífice recebeu Lula com um "muito
obrigado presidente pelo acordo que será assinado em
breve", uma referência à assinatura oficial no mesmo
palácio apostólico do novo estatuto da Igreja Católica no
Brasil.
A visita de Lula ao Papa aconteceu 18 meses depois
da primeira viagem do pontífice alemão à América Latina,
realizada no Brasil em maio de 2007.
"Eu o espero de novo no Brasil", se
despediu Lula, ao que o pontífice respondeu com um simples:
"Espero que sim".
Com informações da AFP e da Agência Estado
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