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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

É de levar as mãos à cara e bradar aos céus

A Leya Brasil não achou por bem enviar-me exemplares da Guerra dos Tronos, depois de ter adaptado (?) ao português do Brasil a minha tradução feita para português de Portugal. É uma cortesia comum, mas eles não a tiveram. Não me perguntem porquê. Não sei. Suspeito, mas de saber sabido não sei.

Por conseguinte, da adaptação só conheço os trechos que vão vazando aqui e ali. E alguns são de levar a cara às mãos e de bradar aos céus.

Então não é que o seguinte trecho, que julgo ser inteiramente compreensível no Brasil:

Há ali cem tipos de erva, ervas amarelas como limão e escuras como índigo, ervas azuis e ervas cor de laranja, e ervas que são como arcos-íris

foi deturpado como:

Há ali cem tipos de plantas, amarelas como limão-siciliano e escuras como índigo, azuis e cor de laranja, e as que são como arco-íris.

Acredita-se?

Soube desta coisa estapafúrdia através deste blogue, cujo autor se escandaliza, e com toda a razão, com aquela estupidez do limão-siciliano num mundo onde não existe Sicília. Já para não falar da deturpação da cadência do original, que procurei preservar na tradução para português.

Decididamente, a tradução que os brasileiros estão a ler não é a minha.

PS - Dizem-me que os livros seguintes, A Fúria dos Reis e A Tormenta de Espadas já não sofrem deste tipo de problemas. Sem os livros, não posso confirmar. Mas espero bem que assim seja!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Um conselho grátis a quem faz críticas

Este é mais para quem faz críticas de traduções, mas não só. Sabe-se de casos de autores que passaram décadas a resmungar por causa do mesmo problema. Mas é mais para quem faz críticas de traduções porque afeta bastante mais os tradutores do que os autores. Que conselho é esse?

Não partam do princípio de que os títulos são escolhidos por quem escreve ou traduz o texto dos livros.

É que é muito frequente não ser. É muito frequente que sejam as editoras e, dentro destas, o departamento comercial, a determinar o título que acaba por vir a público. Por vezes por sugestão dos autores ou dos tradutores, mas por vezes contra os conselhos destes. Os motivos normalmente são os melhores: a editora acha que, com o título que prefere, o livro chegará melhor ao público, despertará mais a atenção. Mas isso não anula o facto de que o tradutor ou o próprio autor teriam escolhido um título diferente para a obra.

E por vezes acontecem autênticas catástrofes por essa via. Um dos títulos mais idiotas que me passou pelas mãos foi Samurai: Nome de Código. Foi assim que a editora resolveu chamar à tradução de Snow Crash, de Neal Stephenson. Só posso imaginar os cabelos que o pobre tradutor arrancou quando viu o livro nas livrarias, porque ele teria chamado ao livro Nevão Marado. É que Snow Crash é o nome duma droga criada pelo Stephenson, que o tradutor verteu para português como Nevão Marado, e foi assim que chamou ao livro numa nota que nele resolveu incluir.

Isto acontece com todos os tradutores e com bastantes autores. Raramente o resultado é tão desadequado como no exemplo acima, mas massacrar o tradutor por causa de um título que, muito provavelmente, não foi ele a escolher, não é nada boa ideia.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sobre a tradução de Martin no Brasil: o processo

Bom. Vamos lá então falar por extenso sobre este assunto.

Para quem não está por dentro dele, aqui fica um resumo: A Leya vai publicar no Brasil a série As Crónicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin. Para esse efeito comprou a minha tradução à Saída de Emergência e adaptou-a ao português brasileiro. Eu soube que era eu o tradutor da edição brasileira ao mesmo tempo do público brasileiro, através duma mensagem no twitter que remetia para a divulgação dos primeiros capítulos da edição brasileira no site Omelete. Quem estiver interessado, pode obter esse PDF aqui. Reagi, como se compreenderá, com completa estupefação.

Houve, claro, uma falha de comunicação entre mim e a SdE, mas entretanto a comunicação fez-se, conversámos e o problema está resolvido a contento. Infelizmente, não foi essa a única falha de comunicação que existiu em todo este processo. Houve outra falha de comunicação com consequências mais sérias para a qualidade final do trabalho, entre mim e a própria Leya.

Parece ser razoavelmente consensual entre os leitores portugueses que a minha tradução destes primeiros livros da série do Martin não é má. Tem até havido quem a tenha apelidado de excelente ou fantástica. Alegra-me que assim seja, mas tenho de confessar aqui com toda a clareza que não partilho do entusiasmo. A Guerra dos Tronos foi apenas o quarto livro que traduzi de fio a pavio na minha carreira. Hoje, três anos e meio mais tarde, sou um tradutor diferente, muito mais experiente, que olha para o trabalho que fez nessa época e não consegue evitar torcer de vez em quando o nariz. Cometi alguns erros por inexperiência. Se a Leya tivesse comunicado comigo, esses erros poderiam ter sido corrigidos na edição brasileira. Infelizmente não o fez. Cometi outros, em especial nos topónimos, por não ter lido toda a série antes de começar a traduzir o primeiro livro e por isso não saber ao certo qual a origem deste ou daquele nome. Agora, já a li. Se a Leya tivesse contactado comigo, esses erros poderiam ter sido corrigidos na edição brasileira. Infelizmente não o fez.

Depois há a questão da adaptação ao português brasileiro. Também aqui, a falta de comunicação foi total mas não devia ter sido. O trabalho ficaria muito melhor se tradutor e adaptador tivessem estado em contacto permanente. Ter-se-iam evitado erros, ter-se-iam evitado opções que desvirtuam algumas das coisas que considero melhor conseguidas na minha tradução. Mas infelizmente, tradutor e adaptador não contactaram nem por uma vez ao longo de todo este processo. E o resultado deixa-me perplexo.

Não percebo, por exemplo, por que motivo se adaptaram algumas coisas e não se adaptaram outras. Não percebo porque "A minha mãe disse-me que os mortos não cantam" é transformado em "Minha mãe disse-me que os mortos não cantam" e não em "Minha mãe me falou que os mortos não cantam" ou pelo menos "Minha mãe me disse que os mortos não cantam", que soa bem mais natural aos ouvidos brasileiros. É uma questão de registos de linguagem. Quem fala é um homem humilde que deve falar como pessoa humilde. Também não percebo porque foi "E a noite está a cair" adaptado para "E a noite está para cair" e não para "E a noite está caindo", que seria mais correto porque o "a cair" comum no português de Portugal se refere a algo que está a acontecer no presente, tal como o gerúndio que se prefere usar no do Brasil, e não ao futuro próximo que está implícito em "para cair".

E é mais do que incómodo aquilo que sinto por adaptações erradas que desvirtuam o próprio significado do texto, como a transformação de "Estava há quatro anos na Muralha. Da primeira vez que fora enviado para lá dela" em "Estava havia quatro anos na Muralha. Da primeira vez que fora enviado para lá". Ser-se enviado para lá de qualquer coisa significa ser-se enviado para além dessa coisa, para os territórios que se estendem do outro lado; ser-se enviado para "lá", sem mais, é ser-se enviado para a própria coisa. A personagem, aqui, reflete sobre as suas primeiras patrulhas pela floresta assombrada, mas a adaptação brasileira faz com que reflita sobre a própria Muralha.

Também não percebo porque em "Aposto que foi ele próprio quem as matou a todas, ah pois aposto" a única adaptação foi a remoção do "a" de "a todas", mantendo o "ah pois" que é usado (exageradíssimamente, diga-se) pelos brasileiros como sinal inconfundível de identificação do português de Portugal. Trata-se uma fala, de outra personagem de origem humilde, ainda que na recordação do protagonista deste capítulo. Se eu tivesse sido consultado, teria sugerido algo como "aposto que foi ele mesmo quem as matou a todas, aposto sim". Mas não fui. E, no sentido inverso, não consigo perceber porque "Alguma vez vistes uma tempestade de gelo, senhor?" foi transformado em "Alguma vez viu uma tempestade de gelo, senhor?" Ao contrário do que alguns brasileiros possam pensar, o uso da segunda pessoa do plural não é português de Portugal padrão; é a forma que encontrei para, por um lado, ampliar a minha escolha de formas de tratamento e níveis de linguagem e melhor separar o que é formal e respeitoso do que é informal e, por outro, melhor inserir as personagens num ambiente antiquado e respeitar o texto do autor.

Sim porque, ao contrário do que tem sido dito por aí, Martin utiliza estruturas fraseológicas e algum léxico arcaicos. Surgem com alguma frequência ao longo das Crónicas palavras que nem sequer vêm nos dicionários (tive mesmo de o consultar um par de vezes sobre o significado de algumas delas) e com mais frequência ainda surgem palavras que aparecem nos dicionários mas antecedidas da notazinha "arc." Ele próprio me disse, quando esteve em Portugal há um par de anos, que só não utiliza mais desse tipo de coisas porque o editor não deixa. O texto dele está salpicado de arcaísmos, e o uso de "vós" no texto português foi uma das formas que encontrei para respeitar esses salpicos. Para a generalidade dos leitores portugueses, esse uso é precisamente tão estranho como para a generalidade dos leitores brasileiros. A exceção é uma zona dialectal do Norte do país, perto da fronteira com a Galiza, onde a segunda pessoa do plural ainda é de uso corrente. São talvez 5% dos portugueses. Para os outros, não é nada que estejam habituados a encontrar, mas nenhum deles se queixou de que isso prejudicava a fluidez do texto. No máximo, exigiu-lhes umas páginas de adaptação. As mesmas, suponho, que os arcaísmos do Martin terão exigido aos leitores anglófonos. Por isso custa-me mesmo muito a aceitar que a adaptação ao português do Brasil destrua este aspeto da tradução. Quem sabe, se tivesse havido comunicação talvez não destruísse.

E chega. Tudo isto aparece nas primeiras duas páginas. Não vale a pena dizer mais.

Um trabalho deste género exigiria um contacto e colaboração estreitos entre tradutor e adaptador, que infelizmente não existiu. Não sei porquê, nem me vou pôr a especular. Mas não posso estar contente com o resultado final tal como aparece no PDF que foi disponibilizado. Esta, embora seja a minha tradução, não é a minha tradução.

E é isto o que tenho a dizer sobre este assunto em concreto. Ainda tenho mais umas ideias gerais sobre a questão das traduções únicas entre países (e portanto mercados) e dialetos diferentes, mas isso ficará para mais tarde, porque são ideias que tenho vindo a desenvolver ao longo de anos e com maior premência durante a recente discussão à volta do acordo ortográfico, portanto a única coisa que têm a ver com este assunto é o facto de eu ter sido tocado diretamente por um caso destes. Por ter sido tocado diretamente por um caso destes, farei um post sobre esses assuntos em breve, mas porque eles não têm diretamente a ver com a tradução concreta que aqui se discute, acho aconselhável separar as coisas.

Sobre a tradução de Martin no Brasil: teste de adaptação ao português do Brasil

As coisas compõem-se. Conto ter um post escrito e publicado sobre o fulcro de tudo isto ainda hoje, lá mais para a noitinha. Mas já agora, caros amigos brasileiros, digam-me lá: que vos parece este pequeno teste de adaptação da minha tradução ao português do Brasil? Fi-la eu próprio, em cerca de dez minutos, e trata-se do início do quarto capítulo. Quem quiser comparar com o que está editado, encontra-o aqui, num PDF com as primeiras 100 páginas da edição portuguesa.
O irmão ergueu o vestido para que ela o inspecionasse.
— Isto é beleza. Toque nele. Vá. Acaricie o tecido.
Dany o tocou. O tecido era tão macio que parecia correr-lhe pelos dedos como água. Não conseguia lembrar-se de alguma vez ter usado algo tão suave. Isso a assustou. Afastou a mão.
— É mesmo meu?
— Um presente do Magíster Illyrio — disse Viserys, sorrindo. O irmão estava de bom humor naquela noite. — A cor realçará o violeta de seus olhos. E também terá ouro e todos os tipos de joias. Illyrio prometeu. Esta noite deverá parecer uma princesa.
Uma princesa, pensou Dany. Já esquecera como isso era. Talvez nunca tivesse realmente sabido.
— Porque nos dá ele tanto? — perguntou. — O que quer de nós? — Havia quase meio ano que viviam na casa do magíster, comiam da sua comida, eram apaparicados por seus criados. Dany tinha treze anos, idade suficiente para saber que tais presentes raramente vêm sem preço, ali na cidade livre de Pentos.
— Illyrio não é nenhum bobo — disse Viserys. Era um jovem magro com mãos nervosas e um ar febril em seus olhos de um tom claro de lilás. — O magíster sabe que não esquecerei os amigos quando subir ao trono.
Dany nada disse. O Magíster Illyrio era um comerciante de especiarias, pedras preciosas, ossos de dragão e outras coisas menos palatáveis. Constava que tinha amigos em todas as Nove Cidades Livres e mesmo em zonas mais distantes, em Vaes Dothrak e nas terras das fábulas junto ao Mar de Jade. Também se dizia que nunca tivera um amigo que não fosse capaz de vender alegremente pelo preço justo. Dany escutava o falatório nas ruas, e ouvia estas coisas, mas também sabia que era melhor não questionar o irmão quando ele tecia suas teias de sonho. Quando era despertada, a ira de Viserys era algo de terrível. Ele lhe chamava “o acordar do dragão”.
O irmão pendurou o vestido ao lado da porta.
— Illyrio vai enviar os escravos para lhe darem banho. Assegure-se de que se liberta do fedor dos estábulos. Khal Drogo tem mil cavalos e hoje vem procurar um tipo diferente de montada. — Estudou-a criticamente. — Ainda entorta as costas. Endireite-se. — Lhe pôs as mãos nos ombros e os puxou para trás. — Deixa eles verem que já tem a forma de uma mulher. — Os dedos do irmão roçaram levemente nos seus seios em botão e se apertaram num mamilo. — Não me falhará esta noite. Se o fizer, será mau para si. Você não quer acordar o dragão, não é mesmo? — Os dedos torceram-se, um beliscão cruel e duro através do tecido grosseiro da túnica. — Não é mesmo? — repetiu.
— É, sim — disse Dany docilmente.
O irmão sorriu.
— Ótimo. — Lhe tocou o cabelo, quase com afeição. — Quando escreverem a história de meu reinado, minha doce irmã, dirão que começou esta noite.
Quando ele saiu, Dany foi até à janela e olhou, melancólica, as águas da baía. As torres quadradas de tijolo de Pentos eram silhuetas negras delineadas contra o sol poente. Dany conseguia ouvir os sacerdotes vermelhos cantando enquanto acendiam as piras noturnas e os gritos de crianças esfarrapadas que jogavam do lado de fora dos muros da propriedade. Por um momento desejou poder estar lá fora com elas, de pés nus, sem fôlego e vestida de farrapos, sem passado nem futuro nem um banquete a que ir na mansão de Khal Drogo.
Algures atrás do sol-posto, do outro lado do mar estreito, havia uma terra de colinas verdes e planícies cobertas de flores e grandes rios caudalosos, onde torres de pedra negra se erguiam por entre magníficas montanhas azuis-cinza, e cavaleiros de armadura cavalgavam para a batalha sob os estandartes dos seus senhores. Os Dothraki chamavam a essa terra Rhaesh Andahli, a terra dos Ândalos. Nas Cidades Livres, falavam de Westeros e dos Reinos do Poente. Seu irmão tinha um nome mais simples. Lhe chamava “a nossa terra”. Para ele, as palavras eram como uma prece. Se as dissesse as vezes suficientes, os deuses certamente ouviriam. “É nosso o direito de sangue, usurpado por meios traiçoeiros. Não se rouba um dragão, oh, não. O dragão recorda”.
E o dragão talvez recordasse mesmo, mas Dany não. Nunca vira aquela terra que o irmão dizia que lhes pertencia, esse domínio do outro lado do mar estreito. Aqueles lugares de que falava, Rochedo Casterly e o Ninho de Águia, Jardim de Cima e o Vale de Arryn, Dorne e a Ilha das Caras, para ela eram apenas palavras. Viserys era um rapaz de oito anos quando fugiram de Porto Real para escapar ao avanço dos exércitos do Usurpador, mas Daenerys não passara de uma partícula de vida no ventre da mãe.

Sobre a tradução de Martin no Brasil: a questão dos nomes

Voltarei, espero que em breve, à questão da edição no Brasil da minha tradução das Crónicas de Gelo e Fogo para falar um pouco de alguns dos aspetos mais delicados do assunto. Fá-lo-ei quando estiverem resolvidos os problemas que me tocam diretamente nessa edição e no modo como ela aparece. Ainda não estão, portanto por enquanto vou ter de pedir alguma paciência. Para lá se encaminham, mas ainda não estão.

Mas para já, a fim de esclarecer alguns critérios seguidos no que toca aos nomes, que tantas críticas e perplexidades têm levantado do lado de lá do Atlântico, e porque não sei se a edição brasileira a inclui, fica aqui sem mais comentários a nota de tradutor que consta da edição portuguesa. Tenho mais algumas coisas a dizer sobre o assunto, mas ficarão para mais tarde.

Aqui têm a nota:
Uma das regras básicas da tradução dita que nomes e topónimos não se devem traduzir. Mas os escritores nem sempre estão dispostos a deixar a vida dos tradutores assim tão facilitada, e por vezes escrevem histórias passadas em mundos de fantasia, nos quais se falam línguas que não são aquela em que a história é contada. Alguns, por esse motivo, encontram nomes exóticos para as suas personagens e locais; outros preferem “traduzi-los”, implícita ou explicitamente. Nestes casos, o tradutor é confrontado com um dilema: respeitar a regra que o escritor viola, ou violá-la também ele?

Aqui, optou-se por violá-la até certo ponto. Como a maior parte (mas não todos) dos topónimos de Martin é ou inglês puro ou uma derivação próxima, e dado que ele utiliza muitos desses nomes como uma forma rápida de caracterização do ambiente, considerou-se que se não fossem traduzidos se estaria a privar o leitor português dessa ajuda à ambientação. Por outro lado, a tradução de nomes é assunto delicado: não convém que, ao ser traduzido, o nome perca credibilidade e mine a suspensão da descrença necessária para apreciar a história. Assim, traduziram-se apenas aqueles nomes para os quais foi encontrado um equivalente viável em português. Topónimos sem tradução (Dorne, Pentos, etc.) permaneceram em grande medida inalterados, e o mesmo aconteceu àqueles raros topónimos para os quais nenhum bom equivalente português foi encontrado, entre os quais se destaca, pela centralidade que possui neste romance, Winterfell.

O caso dos apelidos das personagens é semelhante, mas o critério foi outro, pois só uma minoria desses apelidos vem num inglês provido de significado (Stark, Snow, Flowers e poucos mais), e não faria grande sentido ter na mesma história, e nos mesmos reinos, as famílias Targaryen, Lannister e Arryn, e Forte, Neve e Flores, tanto mais que além destes dois tipos de apelidos existe ainda um número considerável de alcunhas e cognomes e esses devem ser sempre traduzidos. A tradução de alguns apelidos, deixando intacto nos outros o “sabor” inglês, geraria uma situação ambígua para os primeiros e não se achou isso aconselhável.

Naturalmente, tudo isto é discutível. Numa tradução poucas são as coisas que não o são.
Para terminar, por agora, só uma outra nota muito curta, que pode servir como informação geral: é muito raro que seja o tradutor a escolher o título de um livro ou de uma série. O tradutor sugere, mas a decisão final é do editor, porque nela se tem de entrar em linha de conta com uma série de questões que ultrapassam a simples tradução, nomeadamente as estratégias de marketing. Todas as críticas ao tradutor pelo que se encontra no miolo de uma tradução são legítimas e, em princípio, justas. Mas criticá-lo ou elogiá-lo pelos títulos normalmente não o é.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

As notas de rodapé, seja onde for

A Helena Pitta dá hoje, no Blogtailors, a sua opinião relativamente às notas de rodapé na tradução. Como é disso que vivo e já tive, naturalmente, de me confrontar com a decisão de colocar, ou não, notas de rodapé nas coisas que traduzo, o título despertou-me o interesse e fui ler.

E dificilmente conseguiria discordar mais.

Um tradutor, tal como um escritor, aliás, é, antes de mais, um leitor. E muitas das opções que toma no seu ofício são, em grande medida, determinadas por aquilo que lhe agrada ver, ou não, naquilo que vai lendo. É evidente, pelo que diz, que a Helena Pitta gosta de ler notas de rodapé, e provavelmente sempre gostou. Gosta de ser arrancada ao fluxo da narrativa e dispersar-se por linhas e mais linhas de letrinhas miudinhas, cheias de informações que considera relevantes. Já eu, detesto.

Oh, bem sei que por vezes são inevitáveis. Quando traduzi O Dilema de Shakespeare (ou Ruled Britannia, no original) vi-me obrigado a explicar trocadilhos intraduzíveis porque, sem a explicação, havia partes da tradução que deixavam de fazer sentido. Também usei as notas de rodapé para deixar ao leitor a possibilidade de ler o original de alguns poemas que surgem no texto e que, naturalmente, traduzi. E, se bem me lembro, houve um único detalhe histórico que achei conveniente explicar. Mas se tivesse usado uma nota de rodapé por cada poema, por cada trocadilho, ou por cada peculiaridade histórica de eventual interesse, provavelmente teria transformado as suas 477 páginas em 774.

De modo que vejo utilidade nas notas de rodapé, não digo que não. Mas só quando são inevitáveis. Quando o tradutor tem de reconhecer as limitações da sua arte e engenho, tem de reconhecer que não é capaz de transformar este ou aquele trecho em português inteligível. É para isso que servem as notas de rodapé, segundo o meu modo de ver as coisas. Para mais nada.

Porque quando se tenta pô-las a fazer mais coisas, cai-se geralmente em ratoeiras que estão sempre prontas a caçar os incautos. Cai-se na ratoeira de mostrar ignorância quando se usam notas de rodapé para explicar coisas que toda a gente sabe, tornando evidente que só o tradutor é que teve de ir à procura daquela informação para conseguir compreender o texto. Cai-se na ratoeira de mostrar arrogância, ao partir-se do princípio que quem vai ler é ignorante sobre o tema da nota. E cai-se na ratoeira de começar a irritar solenemente o leitor que até sabe as coisas que o tradutor acha que não sabe e não está disposto a ser arrancado ao fluxo da narrativa por causa de irrelevâncias. Anos de leitura de argonautas, em que os tradutores achavam, de vez em quando, boa ideia explicar detalhes de física, química ou biologia que aprendi no secundário, e quantas vezes com explicações cheias de erros, levaram-me a nutrir uma salutar antipatia por tais sintomas de falhanço na arte de contar histórias.

Sim, porque, excepto quando se pretende com elas gerar precisamente o tipo de texto dispersivo e fragmentário que as notas originam, o que é em si mesmo um objectivo literário inteiramente válido no qual as notas são também literatura, elas são sempre um sintoma de falhanço. Um bom contador de histórias é capaz de integrar no fluxo da narrativa, e sem perda de interesse para o leitor, todas as informações de que esse leitor necessita para apreciar e compreender aquilo que está a ler. Alguém que tem de recorrer a notas de rodapé para fornecer a informação necessária é alguém que conhece mal a arte que supostamente domina.

Isto, naturalmente, na minha modestíssima opinião.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Não participo

Não, não vou participar nisto. Por uma questão de princípio. Têm categorias para tudo e mais alguma coisa, até para o mais recente modismo com uma implantação insignificante: os booktrailers. Mas para os tradutores?

Traduquem?

Portanto não, não participo. E se, como eu, acharem inaceitável que o trabalho dos tradutores continue a ser sistematicamente esquecido (salvo quando é para deitar abaixo), o apelo que faço é para não participarem também.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Balanço de 2008 e...

Não se assustem. Não estou aqui. Isto foi preparado há bocado e publicado automaticamente a esta hora. Porque sim.

Neste momento em que, em Portugal Continental (e em todos os outros territórios que usam o tempo UMT), se entra no ano de 2009, venho fazer um pequeno balanço pessoal do ano que acabou de terminar e desejar a todos os leitores da Lâmpada um óptimo ano que agora começa. Bem sei que as previsões são tenebrosas, que vem aí um cataclismo, que isto e mais aquilo, mas baseio o meu desejo em dois factos:

Por um lado, previsões são previsões, e pela sua própria natureza podem ou não concretizar-se. Especialmente previsões como as económicas, que estão tão dependentes daquilo que os homens resolverem fazer com base nelas. Ou ignorando-as. A espada de Dâmocles pode estar mal equilibrada sobre as nossas cabeças, mas é de nós que depende ela cair ou não. De todos nós, o que faz com que cada um pouco poder tenha para influenciar o rumo dos acontecimentos. Ou talvez não. Afinal, se uma borboleta pode criar um tufão, talvez que uma palavra proferida pelo mais improvável membro da espécie possa desencadear uma sucessão de acontecimentos que desemboque na quebra das previsões mais pessimistas. Talvez.

E, por outro lado, as coisas piorarem ou melhorarem é uma média estatística. E, como em todas as médias estatísticas, poderão reflectir uma tendência geral mas não reflectem trajectórias individuais. Em todas as catástrofes há pessoas que sobrenadam, e em todos os tempos de bonança há quem soçobre. Portanto mesmo que as piores previsões se confirmem, o meu desejo é que convosco tudo corra bem. E comigo também, naturalmente.

Porque 2008 até correu bem, e gostava de manter-me nessa trajectória. Se não fosse a porcaria de vizinhança que tenho de aguentar, teria corrido mesmo muito bem. Não houve crises graves na família, nada de realmente sério se passou na vida pessoal, e a vida profissional solidificou-se bastante mais do que eu estava à espera. O lado negativo é ter estado tão atarefado que quase não escrevi nada de meu. Mas o lado positivo é este:






(Se deixarem o rato pairar um pouco sobre cada uma das capas, ficarão a saber que intervenção tive nelas)

terça-feira, 8 de julho de 2008

E cá estamos nós



Conforme prometido, aqui está uma imagem do autor e do seu tradutor cavaqueando na FNAC do Colombo. Ou melhor, o autor falando e o tradutor ouvindo e fazendo-lhe uma perguntinha de vez em quando. Deixo a cargo do leitor tentar adivinhar quem é quem...

Obrigado, Safaa

segunda-feira, 19 de maio de 2008

A gralha deturpadora

No mundo dos corvídeos textuais, há gralhas e há gralhas. Há gralhas, as grqlhas, que são óbvias e evidentes. Fáceis de detectar, são ainda mais fáceis de eliminar porque não fogem, não se escondem, limitam-se a ficar ali, garridamente coloridas, como toureiros a dar a capa ao touro. Depois há um segundo tipo de gralha, a grslha, ou gralha camuflada, que é simples de corrigir quando detectada, mas nem sempre é fácil de detectar. É que se esconde, muito quieta entre o ruído de fundo, sem um movimento, sem soltar um som, dir-se-ia que sem respirar. E há ainda um terceiro tipo, a gralha deturpadora, ou grelha. Estas são as piores. Não só se escondem como se chegam mesmo a mascarar daquilo que não são. Não só tentam escapar ao caçador pelo imobilismo como fogem e se esgueiram para a toca, vestidas de coelhos ou toupeiras. Astutas e terríveis, as gralhas deturpadoras exigem atenção e rapidez no gatilho e não se compadecem com cansaços e noites mal dormidas. Chegam mesmo a aproveitar-se delas.

Matei uma recentemente. No livro que acabei hoje de traduzir uma personagem reflecte sobre a sua necessidade de matar um homem. Tenta convencer-se a fazê-lo, apesar de isso ir contra a sua consciência, porque precisa de ganhar a confiança das pessoas que o acompanham e que lhe exigem que o faça. E para isso pensa: "O homem está morto. Que importa que seja a minha mão a matá-lo?"

Mas antes da gralha morta, o que a personagem pensava era: "O homem está morto. Que importa que seja a minha mãe a matá-lo?" O que é algo de muito diferente. Muito diferente mesmo.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Acordo ortográfico - Ah, parece que há um "estudo"

Exibindo mais um pouco do estado catatónico em que mergulhou há décadas parte significativa da nossa intelligenzia, eis que surge um "estudo" que, comparando uma tradução portuguesa de um dos livros do Harry Potter com uma outra tradução, brasileira, do mesmo livro conclui que as diferenças são enormes.

O meu comentário?

Só quem pensa que a tradução é uma actividade automática com uma intervenção mínima do tradutor é que pode levar isto minimamente a sério.

A tradução é uma recriação literária de uma obra numa língua diferente. Pegue-se em duas traduções de dois tradutores diferentes e irão encontrar-se inevitavelmente diferenças significativas, seja qual for a sua nacionalidade. Especialmente quando uma tradução parece ser boa e outra tem ar de ser duvidosa, como neste caso. Qual a que parece ser boa? Verifiquem vocês. Mas a mim parece que é a brasileira.

Este "estudo" é duma irrelevância total. Para o acordo, para a linguística, para tudo... embora, talvez, seja um sintoma do desprezo que a generalidade da edição portuguesa sente pela profissão de tradutor.

sábado, 29 de março de 2008

Semana

Enfim, uma semana realmente produtiva.

A fronteira do livro passa pela página 172, o que implica 70 páginas traduzidas. Este volume do nosso amigo Martin não se limita a ser maior do que o anterior, em número total de páginas (1177, já vos disse?), mas tem também um tipo de letra mais pequeno. Uma página do anterior não deve ter muito mais do que nove décimos do texto de uma página deste. É uma trabalheira dos diabos, que deixa muito pouco tempo para outras coisas, especialmente coisas que impliquem escrever. E ainda por cima tem versos...

No wiki, subiu-se até às 11 288 páginas, 156 a mais. Felizmente, no wiki quase não se escreve nada, é só colheita e organização de dados. E isso, mesmo quando já não se consegue pôr uma frase a seguir à outra, ainda se faz bem. É como se fosse toda uma outra zona do cérebro a funcionar, uma zona deixada em descanso pelo esforço linguístico e que surge ansiosa por fazer alguma coisa assim que este se interrompe.

Quanto a leituras, vão acontecendo muito devagarinho e muito dispersas por vários livros simultâneos e ainda não foi desta que terminei algum. Mas tenho uma história gira para contar.

Um dos contos que li tratava de uma estranha e mortal epidemia que teria atacado primeiro a Inglaterra e depois se espalhou pelo resto do mundo. Uma história de ficção científica passada na época em que foi escrita, ou pelo menos num futuro próximo (e no nosso passado, que o livro já tem uns anos largos). A tradução, de uma tradutora que fez trabalhos interessantes mais tarde, é resumível no aparecimento, a páginas tantas, de uma tal "organização internacional QUEM". Ao ler isto eu pensei com os meus botões: "QUEM?! Mas que raio?!" Continuei a ler, mas a história do QUEM não me saía da cabeça. Que estranha organização internacional teria a sigla QUEM? Foi então, subitamente, que se fez luz: "quem", em inglês, diz-se "who", e WHO são as iniciais da World Health Organization, ou seja, a Organização Mundial de Saúde, ou seja, a OMS. A tradutora traduziu a sigla como se fosse uma palavra!

Imaginam o tamanho da gargalhada, não imaginam?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

2007 em capas

O ano passado correu-me razoavelmente bem. Eis porquê:





(deixem o rato pairar um pouco sobre cada uma das capas se quiserem saber que intervenção tive nelas)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Porreirinho!

Porreiro: alguém que fala de uma das minhas traduções. E mais porreiro ainda: fala bem:

As palavras de Howard estão muito bem servidas pela tradução. Costuma-se dizer que traduttore traditore, mas a tradução cuidada destes contos preserva-lhes o vigor e a chama que são tão vitais a este género literário.


Tinha algum receio desta, confesso. Porque não gosto dos contos do Howard, receei que esse não-gosto se refletisse na tradução. Parece que não, e fico contente.

Obrigado, Artur. E olha: há mais na calha...

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Cá está ele, o segundo

Cá está já o boneco de capa do segundo livro traduzido por mim, aquele que fui apresentar a Lisboa, no Fórum Fantástico, por indisponibilidade de última hora do autor, Harry Turtledove. É um romance quase com 500 páginas que me deu uma trabalheira imensa e uma satisfação enorme quando cheguei ao fim do trabalho pelo simples facto de ter sido capaz de chegar lá.

Explicando-me:

Aceitei o trabalho sem saber bem se seria capaz de o levar a bom termo, consciente de ser um desafio considerável, mas sem saber que seria tão grande como acabou por revelar-se. Aceitei-o porque precisava do trabalho e do respetivo pagamento, depois de uma leitura em diagonal que me deu uma ideia, só parcialmente correta, sobre aquilo que teria de enfrentar. Este é um romance de vulto, cheio de passagens em inglês do século XVI, passagens ou retiradas diretamente das obras do Shakespeare e de outros poetas/dramaturgos do tempo, ou adaptadas a partir dessas mesmas obras. Algumas estão claramente visíveis sob a forma de versos, outras estão dissimuladas no texto, à espreita de olhares atentos. A leitura em diagonal apanhou as primeiras, mas não as segundas. E tampouco apanhou a miríade de trocadilhos e subtilezas de linguagem que enriquecem o romance, detalhes esses que me esforcei por manter ou adaptar para que essa riqueza não se perdesse. É que foi só ao trabalhar este texto que me apercebi de até que ponto poderia ser arruinado por uma má tradução. E ainda por cima, o editor tinha prazos apertados por causa da projetada vinda do Turtledove a Portugal... E ainda por cima, esta era apenas a minha segunda tradução de vulto...

Mas consegui. Em cerca de dois meses tinha a coisa pronta, mesmo subestimando grosseiramente a dificuldade da tarefa (e arrependendo-me várias vezes de a ter aceite ao longo do caminho).

Na verdadeira atividade desportiva radical que foi aquela apresentação no Fórum Fantástico, tanta era a adrenalina que me corria nas veias, fiquei a saber mais algumas coisas. Parece que fui o terceiro tradutor daquele livro, tendo os dois primeiros renunciado ao trabalho, por algum motivo que desconheço (mas imagino). E parece que, segundo o próprio autor e várias outras pessoas que o leram em inglês, este romance em particular é especialmente difícil de traduzir. Foi bom de ouvir. E também foi bom ouvir o editor a elogiar-me o trabalho. Num país de elogio difícil, como o nosso, os que surgem são ainda mais preciosos.

Estou contente com o meu trabalho, e gostei bastante do livro em si. Não os acho perfeitos, nem o trabalho nem o livro, mas ambos me satisfazem. O livro por ser divertido, espantosamente bem pesquisado e sólido, cheio de personagens e cenários palpáveis, e o meu trabalho por me parecer que, mesmo tendo a componente de traição inevitável em todas as traduções, mesmo com uma gralha ou outra, não sofre quase nada com a minha inexperiência e acaba por estar mais ou menos ao nível da de A Cor do Céu, um livro não só muito mais curto, mas também quase infinitamente mais fácil de traduzir. Se esse nível é ou não bom, não me cabe a mim dizer. Leiam-no e digam-me vocês.

(Se clicarem na imagem da capa, ali em cima, poderão vê-la maior - embora sem o nome do autor e mais algum texto que consta da capa verdadeira - e ler aquilo que a editora tem a dizer sobre o livro)

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Cores celestes

Aqui a Lâmpada recebeu há pouco tempo uma visita de alguém que procurava por "james runcie cor céu", e eu, curioso, fui ver o que se apanhava com essa busca.

Pouca coisa: o site da editora, a Lâmpada, claro, um fórum onde está reproduzido o texto promocional sobre o livro, sem comentários, e duas coisas que desconhecia: uma crítica de Luís Mateus, bastante amável, no Portugal Diário, e um post num blogue onde não se compram jornais (pelo menos hoje), que acha o livro de leitura obrigatória.

Nenhum destes textos fala da tradução. Parece-me bom sinal.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Continuo na Ciméria

Por aqui não há agentes de viagens. É território selvagem, habitado por brutamontes. Até as mulheres têm cabelos no peito do excesso de testosterona que paira no ar. O ambiente é opressivo, e um tipo, passeando pelas ruas de máquina fotográfica ao peito, à japonesa, sente-se assim numa espécie de Parque Jurássico feito de palhotas e becos enlameados.

Vou-me embora amanhã. Juro. E só cá voltarei se tiver mesmo de ser!

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Achismo

Acho que é mais o dilema, pá...

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Já anda por aí a cor do céu

Já anda por aí, nas livrarias e, espera-se, também nas mãos dos leitores, o primeiro livro traduzido por mim da capa à contracapa. A Cor do Céu, chama-se ele, escrito por um senhor inglês chamado James Runcie. Quem me conhece das FCs e dos fantásticos poderá supor tratar-se de algo ligado ao género. Pois não é. É um romance histórico passado um pouco antes da Renascença entre a Itália e vários pontos da Ásia, entremeado com uma história de amor e uma chegada à idade adulta muito invulgar para o tempo.

Gostei de traduzir este livro. Embora não seja o meu tipo de livro favorito, não faça parte do meu género favorito, gostei da prosa do Runcie, da forma como construiu a história, da maior parte das personagens. E espero ter feito bom trabalho.

(Adenda: Quem quiser, pode ler o primeiro capítulo no site da Saída de Emergência)