sábado, 6 de novembro de 2010

O bom filho à casa torna?

A frase que dá nome a este post não é minha, é de um tal de domínio público. Foi a primeira que me ocorreu ao começar a escrever. De meu, nela, só a interrogação. Em se tratando de mim e deste blog, tenho dúvidas de que seja verdadeira. Primeiro, porque não sei se é de fato um retorno. Não sei se, após mais de um ano, retomarei com frequência as postagens no “Anotações”. (A principal desculpa, entre outras, continua sendo a dedicação ao meu livro. Depois de um puta tempo empacado, parece que, finalmente, ele se encaminha para o final.)

Segundo, porque não sei até que ponto esse blog é minha casa. Ao contrário do que faço no meu pequeno apartamento, aqui não fico inteiramente à vontade. Apesar do objetivo inicial do “Anotações”, o de ser uma espécie de diário, nunca andei de cueca por aqui. Sempre que tratei de questões pessoais, foi de modo bastante comedido.

As redes sociais nos tornaram jornalistas de nós mesmos. E a imensa maioria das notícias não interessa a ninguém. (Ao contrário daquela lá de cima, esta frase é minha mesmo. Postei há pouco nas tais redes sociais.) Inclua aí também os blogs. A mídia não é rede social, mas deu origem a essa série. Além de sintetizar minha opinião a respeito do strip tease online, reitera minha cautela em sentir-me em casa demais por aqui. Ainda assim, em função de recentes conversas com amigos e diante de seus esforços confessionais, digo que há casos de exposição positiva.

Pessoas a quem respeito intelectualmente, esses caras – nenhum moleque, todos com cerca de 30 anos – inauguraram blogs com a intenção de desabafar, falar um pouco de seus momentos pessoais. (Sim, ser “jornalistas deles mesmos”.) O Sérgio me disse que a iniciativa o está ajudando bastante no seu processo de autoconhecimento. Tem sido terapêutico, já que ele, ao contrário da enormidade dos usuários da internet, tem dificuldades de falar sobre si.

Mesmo não mostrando a bunda na rede, estou longe de ter esse problema. Personagem principal do meu livro/work in progress, o Fernando tem em comum com o seu criador mais do que a sonoridade do nome. Por isso, de certa forma, escrever o “Quem vai ficar com Morrissey?” funciona para mim como os blogs para o Paulo, o Sérgio e o Daniel.

O livro se baseia em situações, relações e sentimentos por que já passei e me dá uma nova oportunidade de lidar com eles. Às vezes, são questões mal resolvidas da minha vida, mas não há redenção: quase sempre, a ficção é mais cruel com o Fernando do que a vida foi comigo. Talvez, ao contrário, ele seja um boneco de Judas com a minha cara, e eu, em busca de expiar certas culpas, seu malhador impiedoso. Talvez, o mais provável, eu esteja apenas empregando psicologia barata para fundamentar os rumos que a história toma. Rumos, aliás, que me deixam bastante orgulhoso. O livro está saindo melhor do que eu esperava. Como, aliás, de modo geral, eu também estou.

Sem que eu mostre mais pele que o suficiente, basta dizer que aprendi a lidar melhor com as situações que a mim se apresentam. Deixei de insistir em algumas coisas e realoquei a energia para outras. Tem dado certo. Hoje, olho para minha vida e, serenamente, admito: em certos casos, fiz tudo o que podia. Em outros, por sorte, ainda está em tempo de fazer mais.

Bom, não sei se voltei para ficar, nem sei se aqui é meu lugar. (A frase, adaptada, também não é minha. É de um certo Roberto Carlos.) Mas apareça por aqui de vez em quando. Quem sabe a gente não se esbarra?

2 comentários:

Villas disse...

Sempre dá tempo de fazer mais, Lê.

Parabéns,
Villas

Leandro Leal disse...

Espero que dê, Villas!

Valeu, mano!

PS: Ainda devo uma visita pro moleque...